Casos de cegueira no Santa Maria: "provas foram eliminadas"
"Nunca me passou pela cabeça que estivesse a destruir provas", afirmou, quando questionada sobre a importância que estes fármacos poderiam ter no desenrolar da investigação.
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"Nunca me passou pela cabeça que estivesse a destruir provas", afirmou, quando questionada sobre a importância que estes fármacos poderiam ter no desenrolar da investigação.
Estas rejeições do remanescente do fármaco não foram, no entanto, registadas no mapa de rejeições criado para esse efeito. Momentos antes, a coordenadora - que era também supervisora dos únicos arguidos neste caso - tinha rejeitado qualquer responsabilidade em possíveis falhas no preenchimento destas folhas de rejeições, sublinhando que, a haver eliminação de fármacos que não conste nos mapas, "foi feito à [sua] revelia".
Regina Lourenço disse ainda que, naquele dia, se observou um conjunto de "situações anómalas", como o número de pedidos de Avastin e a hora a que estes chegaram: "Não era costume haver tantos pedidos de Avastin e chegaram extremamente tarde".
Apesar de hierarquicamente ocupar um cargo de chefia em relação aos arguidos Hugo Dourado e Sónia Baptista - na altura dos factos, farmacêutico e técnica de farmácia, respectivamente -, Regina Lourenço rejeitou que houvesse regras claras quanto a esta supervisão: "O conceito de supervisão é inerente ao código deontológico e não tem de estar implícito ou explícito num manual".
O caso remonta a Julho de 2009, quando seis doentes operados no Santa Maria ficaram cegos na sequência de uma operação, não estando ainda esclarecido se a cegueira resultou de uma troca de medicamentos.