R4: os quatro jovens irmãos que escolheram o vinho
Roberto, Ricardo, Rafael e Rudolfo são irmãos e têm menos de 35 anos. Juntos decidiram regressar ao negócio da família e criaram uma empresa produtora de vinhos. Assim nasceu a R4
Quatro jovens irmãos de Mesão Frio deram as mãos para criar uma empresa produtora de vinhos que já possui 150 hectares, espalhados por sete quintas na Região Demarcada do Douro e lançaram em finais de 2011 o primeiro vinho.
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Quatro jovens irmãos de Mesão Frio deram as mãos para criar uma empresa produtora de vinhos que já possui 150 hectares, espalhados por sete quintas na Região Demarcada do Douro e lançaram em finais de 2011 o primeiro vinho.
Roberto, Ricardo, Rafael e Rudolfo, com 33, 29, 26 e 23 anos, constituem a R4. Um é gestor de empresas, outro contabilista, há ainda um engenheiro agrónomo e, o mais novo, está a terminar Engenharia Agronómica e planeia um mestrado em Enologia que o levará até à Califórnia (Estados Unidos) ou à Austrália. Os irmãos pegaram nas duas propriedades da família, em Mesão Frio, e, em cerca de três anos, expandiram-se pelo Douro acima, totalizando já 150 hectares espalhados por sete quintas.
“Nós abraçámos um projecto que já era dos nossos pais”, afirmou Rafael Miranda, à Agência Lusa. E foi com os pais, um médico e uma professora primária, que os jovens aprenderam a amar a terra, o Douro onde nasceram. O pai transmitiu o gosto pela agricultura e os filhos abraçaram o projecto.
Rafael Miranda está convencido que, neste momento, o Douro é um bom sítio para investir, apesar de ser uma região “difícil”, devido à falta de mão de obra e aos socalcos complicados de trabalhar. “O Douro é caro e obriga-nos a ter uma vontade e um sacrifício ainda maiores”, salientou.
"Mãos" foi produzido em 2010
A principal dificuldade encontrada foi precisamente no “plano financeiro”, mas os irmãos já investiram milhões de euros na aquisição das quintas e numa adega, na Quinta de Sequeirós, em Loureiro, Peso da Régua. Aqui, o objectivo é requalificar e ampliar a adega e criar um espaço para turismo rural. Os projectos de arquitectura já estão a ser preparados, tal como a candidatura aos fundos comunitários. Neste momento, a atenção dos jovens empresários está virada para a Quinta de Travassos, também em Loureiro, que alugaram há um ano e meio, onde estão, segundo referiu Rudolfo Miranda, a reconverter cerca de 30 hectares de vinha.
O primeiro vinho da R4 foi lançado em Novembro. Este “Mãos”, em versão tinto, branco e tinta Roriz, foi produzido em 2010. A primeira colheita rendeu 15 mil garrafas. Segundo Ricardo Miranda, o vinho da R4 já está à prova na Suíça, Suécia, Alemanha, China e Brasil.
A grande aposta da empresa, acrescentou, vai ser a exportação. Rafael disse ainda que, em 2011, a produção já aumentou entre os 20 e os 30% e salientou que a R4 vai ter capacidade para produzir entre 300 mil e 400 mil garrafas. O objectivo é, também, arrancar na próxima vindima, com as primeiras experiências em vinho do Porto.
Investir em tempos de crise não é fácil, mas Rafael Miranda deixa a receita: “é preciso trabalhar muito”. “O nosso dia começa entre as 7h30 e as 8h, mas não temos hora de despegar”, frisou. O jovem empresário considera que a agricultura “está a ser deixada ao abandono”. “Nós queremos transmitir o contrário e estamos a trabalhar para isso. Julgo que somos suficientemente ambiciosos e com vontade para fazer este projecto vingar”, sublinhou.