Aldeia espanhola quer plantar "cannabis" para sair da crise

Rasquera, uma localidade de Tarragona, quer arrendar um terreno para plantar "cannabis" e fazer dinheiro. Proposta foi aprovada esta quarta-feira

Foto
Rasquera, com cerca de 900 habitantes, vê no cultivo de marijuana a forma de pagar uma dívida do município AFP

A "cannabis", afinal, não serve apenas para fins lúdicos ou para tratar algumas maleitas. Em Tarragona, cidade da Catalunha, a localidade agrícola de Rasquera, com cerca de 900 habitantes, parece ter visto no cultivo de marijuana a forma de pagar uma dívida do município que ascende a 1,3 milhões de euros. A proposta foi aprovada pela autarquia esta quarta-feira, dia 29 de Fevereiro.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A "cannabis", afinal, não serve apenas para fins lúdicos ou para tratar algumas maleitas. Em Tarragona, cidade da Catalunha, a localidade agrícola de Rasquera, com cerca de 900 habitantes, parece ter visto no cultivo de marijuana a forma de pagar uma dívida do município que ascende a 1,3 milhões de euros. A proposta foi aprovada pela autarquia esta quarta-feira, dia 29 de Fevereiro.

Estima-se que a iniciativa vai gerar cerca de 50 postos de trabalho naquele “pueblo”, directa ou indirectamente, sendo que a entidade que propôs a ideia, a "Asociación Barcelonesa Cannábica de Autoconsumo” (ABCDA), se compromete a pagar 36 mil euros pela assinatura de um convénio com a autarquia de Tarragona, bem como a pagar 550 mil euros anuais ao município pelo arrendamento do terreno. Parte-se ainda do princípio que a plantação da erva possa atrair mais jovens a Rasquera.

Na verdade, assegura Bernat Pellisa, o alcaide de Rasquera, se a proposta for aceite vai servir como um “medidor da hipocrisia da sociedade”. E não se coibindo de deixar clara a sua posição, acrescenta: “Ao se legalizar o consumo racional de "cannabis", as máfias deixariam de lucrar e podiam ser investigados os benefícios terapêuticos da substância, o que se poderia reverter até mesmo na Segurança Social”.

"Cannabis" versus Lei

Bernat Pellisa está há oito meses a negociar com a ABCDA, uma associação com fins lúdico-medicinais constituída por 5000 membros, mas afirma que as pessoas olham com receio, ao contrário do que acontece com as várias associações de "cannabis" que vêem isto com “bons olhos”, garante.

O que as pessoas têm que perceber é que esta será, em primeiro lugar, uma empresa pública que investigará a substância e depois, então, será determinada a quantidade de marijuana que ficará para cada um dos sócios. Mas só depois, atenção.

E, dissipando a dívida, o dinheiro que entrará nos cofres do município servirá, entre outras coisas, para voltarem a ter o serviço de reciclagem, coisa que foi banida por falta de verbas.

O departamento do Interior da Catalunha não se pronuncia até que lhes chegue o pedido formal, adianta o El País. No entanto, este plano anti-crise choca com o artigo 368 do Código Penal, que proíbe a plantação, consumo ou tráfico de drogas.