Mais um título para alargar horizontes ou despertar memórias, mesmo que vagas, de algo lido num livro sobre cinema ou, quem sabe, ouvido a um familiar mais velho que tenha sido sócio de um cineclube. Na Internet, figurará certamente em inúmeras listas, tais como, por exemplo, “os melhores filmes de todos os tempos”, “os melhores 10 filmes a preto e branco dos anos 50” ou “mil filmes para ver antes de morrer”. Em qualquer caso, trata-se, nestas crónicas, do nosso primeiro encontro com Marlon Brando e com Elia Kazan.

Mais um título para alargar horizontes ou despertar memórias, mesmo que vagas, de algo lido num livro sobre cinema ou, quem sabe, ouvido a um familiar mais velho que tenha sido sócio de um cineclube. Na Internet, figurará certamente em inúmeras listas, tais como, por exemplo, “os melhores filmes de todos os tempos”, “os melhores 10 filmes a preto e branco dos anos 50” ou “mil filmes para ver antes de morrer”. Em qualquer caso, trata-se, nestas crónicas, do nosso primeiro encontro com Marlon Brando e com Elia Kazan.

Brando, é claro, será mais facilmente reconhecível pelo público mais jovem, pela proximidade dos fenómenos de popularidade de “O Padrinho” e de “Apocalypse Now” e das suas reedições em VHS e DVD. Um dos elementos de interesse de “Há Lodo no Cais” será o de aqueles que só o conhecem daquelas interpretações terem a surpresa de o ver num dos trabalhos que o levaram ao estrelato, ao mesmo tempo que o enquadravam num subgrupo de actores ensombrados por sinais de uma certa perturbação, uma certa estranheza, que poderíamos tentar definir como “não sendo de ninguém nem de lado nenhum”, uma espécie de clube honorário em que incluiríamos James Dean, Montgomery Clift, Marilyn Monroe, Farley Granger, John Garfield ou, mais recentemente, Jack Nicholson, Nick Nolte, Jessica Lange.

Mas devemos ir além de Brando e do seu papel de Terry Malloy (Óscar de melhor actor), ex-pugilista-estivador cuja consciência em crescimento dita o seguimento da história. Karl Malden, como Padre Barry (nomeado para o Óscar), é outra boa razão para não nos esquecermos de ver “Um Eléctrico Chamado Desejo”, do mesmo Kazan (não nos esqueceremos!), Lee J. Cobb (nomeado para o Óscar) mostra-nos por que também o devemos procurar noutras paragens (como “O Mercado dos Ladrões” ou “Doze Homens em Fúria”) e Rod Steiger (igualmente nomeado) brilha numa célebre cena em que contracena com Brando no banco de trás de um táxi, demonstrando ambos como grandes actores podem ir muito além de um grande argumento (Óscar para Budd Schulberg) para ajudar a construir um grande filme. É de notar ainda a estreia de Eva Marie Saint, no papel de Edie Doyle (Óscar de melhor actriz secundária). Em 1959, contracenaria com Cary Grant em “Intriga Internacional”, de Alfred Hitchcock.

Para voltar a Elia Kazan, é forçoso voltar a “Um Eléctrico Chamado Desejo” e à promessa de uma futura crónica para o destacarmos, mas, entretanto, façamos a justiça de declarar o conjunto da sua obra como notável e de recordar outros títulos como “A Luz É para Todos” (Óscar de melhor realizador), “Pânico nas Ruas” , “A Leste do Paraíso” e “Esplendor na Relva” (1961). Com “Há Lodo no Cais”, recebeu outro Óscar.

A banda sonora, do conhecido maestro Leonard Bernstein (nomeado para o Óscar), tem por vezes apontamentos menos “descritivos”, mais abstractos, e alguns até excessivamente dramáticos. É sua também a conhecida banda sonora de “West Side Story”.

Tudo somado – incluindo a direcção artística, a cenografia, a montagem – dá mais um filme para ver quando apetece ver cinema e não simplesmente um filme.