PS e troika têm "pontos de vista bem divergentes" sobre contas públicas e austeridade
No encontro, e tal como fizera na reunião que tiveram em Novembro, o PS defendeu que "é desejável que Portugal tenha pelo menos mais um ano [do que o previsto no memorando] para consolidar as contas públicas", contou no final António José Seguro.
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No encontro, e tal como fizera na reunião que tiveram em Novembro, o PS defendeu que "é desejável que Portugal tenha pelo menos mais um ano [do que o previsto no memorando] para consolidar as contas públicas", contou no final António José Seguro.
Questionado sobre o facto de o primeiro-ministro ter admitido ontem que deverá ser necessário que as condições do memorando sofram um "ajustamento", António José Seguro aproveitou para deixar o ónus do lado do Governo. "Os portugueses já estão habituados o que o primeiro-ministro chegue tarde a conclusões óbvias", criticou. "Mais importante do que uma mudança na posição do primeiro-ministro, é que se o Governo já chegou à conclusão a que o PS chegou em Novembro passado, então é altura de [o Governo] a propor à troika", vincou Seguro. "Cada um deve tomar a sua responsabilidade."
"As empresas necessitam de ter acesso ao crédito. Mas hoje as condições para o sector exportado e para as empresas que produzem bens e serviços transaccionáveis são limitadoras do crescimento", afirmou Seguro, acrescentando ter também defendido a "necessidade de haver incentivos fiscais através de despesa fiscal inteligente para a preservação e criação de emprego para jovens".
Embora tenha sido "uma discussão muito interessante e relevante", o líder socialista reconheceu que "houve pontos de vista bem divergentes sobre o processo de consolidação das contas publicas e sobre a austeridade". Para os socialistas, "doses excessivas de austeridade não resolvem os nossos problemas", vincou Seguro, garantindo que "o PS não abdica da prioridade do emprego e do crescimento económico".
Questionado sobre se Portugal estará a trilhar o mesmo caminho que levou a Grécia à complicada situação actual, Seguro considerou que "Portugal tem ainda condições para conseguir cumprir os seus objectivos". Porém, salientou, é preciso que também a troika olhe "para a realidade e para a conjuntura. A situação agravou-se , em Portugal mas também na Europa. É bom que o memorando não fique inflexível." "Se houve alteração das condições, é importante que o memorando seja adaptado", reiterou.