O regresso ao rolo
Com a era digital, a fotografia analógica ficou, para muitos, para trás. Mas há quem a veja como a “verdadeira” fotografia. É moda para uns, mas paixão para outros
São ainda muitos os amantes do analógico. Seja pelo romantismo, a surpresa da revelação ou o apelo às memórias de outros tempos, os rolos não foram deixados para trás. A Kodak, que declarou recentemente a falência em Nova Iorque, é um grande exemplo da evolução que a fotografia digital trouxe e que o analógico não conseguiu acompanhar. Mas o digital conseguiu “apagar” a fotografia analógica? Parece que não.
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São ainda muitos os amantes do analógico. Seja pelo romantismo, a surpresa da revelação ou o apelo às memórias de outros tempos, os rolos não foram deixados para trás. A Kodak, que declarou recentemente a falência em Nova Iorque, é um grande exemplo da evolução que a fotografia digital trouxe e que o analógico não conseguiu acompanhar. Mas o digital conseguiu “apagar” a fotografia analógica? Parece que não.
“Como dizia Wittgenstein, há um eterno retorno”, afirma Rui Lourosa. Fotografa “desde sempre”. Entrou para o curso superior de fotografia na Escola Superior Artística do Porto e está actualmente fazer o doutoramento. “Aquilo que me trouxe à fotografia foi a magia de ver uma imagem a aparecer no revelador lentamente”.
É formador no Instituto Português de Fotografia, no Porto, e esclarece que a fotografia analógica se rege por “processos cíclicos”, aliados ao “saudosismo” e a um “revivalismo que vai perpetuar-se no tempo”.
Pensa que o regresso aos rolos se deve a um “romantismo” e que a moda leva a que os jovens apreciadores não atinjam um “nível de conhecimento” num tipo de fotografia que, “em termos de processo pedagógico, é bastante útil”: “Percebe-se a fotossensibilidade, os mecanismos da fotografia e as grandezas fotográficas são muito mais óbvias”.
Não tem uma câmara digital e pensa que o digital não populariza a fotografia mas permite sim que, em geral, tenha mais “popularização”.
O desenquadramento da Lomografia
As primeiras câmaras da LOMO surgiram na Guerra Fria, mas a Lomomania surge nos anos 90 entre dois amigos vienenses que decidiram fotografar as férias em Praga com uma Lomo, sem regras. Actualmente, a Lomografia é conhecida mundialmente, sob o lema “não penses, dispara”.
Jorge Taveira tem formação em Artes Plásticas e é um dos sócios da Embaixada Lomográfica. Começou a fotografar aos 14 anos. Garante que a Lomografia sempre esteve na moda mas que tem vindo a “chegar a mais gente” e que se caracteriza pela “comunicação”.
“O desenquadramento é mais importante que o enquadramento, é o democratizar da fotografia”. Assegura que a Lomo é a “grande responsável” pela difusão de “rolos diferentes para resultados diferentes” e da continuidade da venda de rolos fotográficos. Para Jorge Taveira, a “experimentação” permitiu o desenvolvimento da fotografia e tornou a Lomografia muito “forte”.