Carlos Trancoso: “O analógico pauta um descompromisso com a realidade”

Com 22 anos, Carlos Trancoso estuda na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e é mais um apaixonado pelo mundo do analógico

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Carlos Trancoso

As irmãs ofereceram-lhe uma Lomo Supersampler no 15º aniversário. E, a partir daí, a curiosidade despertou para a fotografia analógica. “Essa foi a altura em que comecei a perceber a singularidade do rolo fotográfico e comecei a explorar a velha Yashica Fx-3 do meu pai. Desde essa altura que não tenho parado de experimentar”, confessa ao P3.

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As irmãs ofereceram-lhe uma Lomo Supersampler no 15º aniversário. E, a partir daí, a curiosidade despertou para a fotografia analógica. “Essa foi a altura em que comecei a perceber a singularidade do rolo fotográfico e comecei a explorar a velha Yashica Fx-3 do meu pai. Desde essa altura que não tenho parado de experimentar”, confessa ao P3.

Da colecção fazem parte três Lomo’s e a Yashica Fx-3 que herdou do pai. Em segunda mão encontrou, no Porto, uma Nikon F4. E, numa viagem à Estónia, comprou uma Belomo Villia, uma Lomo Smena 8M e uma Fed 5B, “todas elas máquinas originais russas”. E já constrói as próprias versões de pinhole. “O melhor de tudo é quando consigo usar várias máquinas com o mesmo rolo fotográfico, provocando resultados muito interessantes”.

A icónica máquina vintage

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Yashica no CPF Carlos Trancoso

É esta “versatilidade” que Carlos Trancoso aprecia, na variedade e qualidade dos rolos e, “no caso das máquinas totalmente mecânicas, não ter limite para a quantidade de tempo de exposição”. Define a fotografia lomográfica como algo cada vez mais acessível e, tal como no próprio caso, uma “primeira abordagem à fotografia experimental”.

Mas também destaca o facto de, por detrás “de toda a simplicidade” da Lomografia estarem bem presentes “conceitos base da fotografia analógica”. Confessa que é “normal nem todos os apreciadores da fotografia analógica se verem “reflectidos na filosofia da Lomography”, onde os utilizadores não elaboram uma fotografia pensada com “um bem precioso e cada vez mais raro como o rolo fotográfico”.

Pensa e espera que a moda do analógico se vá manter, embora acredite que dependa “do grau de afecto que as pessoas cultivem à volta dele”. Para Carlos o analógico tornou-se numa moda onde a “máquina vintage” se transformou num “ícone”. No entanto, acredita que há outros motivos para existirem cada vez mais apreciadores deste culto, como a surpresa na “simplicidade de resultados”: “Representa o inesperado e pauta um descompromisso com a realidade que queremos fotografar, como um sonho ou recordação mental”.

A conjugação da técnica com a geometria criam uma “dualidade na fotografia analógica que “permite que a fotografia analógica seja popular tanto entre leigos como peritos na matéria”. “Vai continuar a ser uma forma de guardarmos as nossas melhores recordações e imagens de uma forma muito mais “viva” e com muito mais “personalidade””.