Le Havre
“Os estrangeiros vêem sempre os vagabundos com um olhar muito romântico” - é um dos diálogos programáticos que se ouve no novo filme do finlandês Aki Kaurismäki, e talvez esteja aqui uma das chaves, mais do que do filme, do próprio universo estilizado do cineasta finlandês, sempre honrando um cinema clássico, primordial, puro, sem nunca escamotear que o está a fazer de uma posição de modernidade contemporânea. “Le Havre”, muito mais do que em filmes anteriores, traz uma contaminação dessa nostalgia lúcida pelas regras feias do mundo real, atirando um emigrante ilegal dos dias de hoje para o meio de um bairro popular saído do cinema francês dos anos 1930, mas é um combate desigual porque o lado “engagé” e realista, mesmo que discreto, dessa história não se dá muito bem com o humanismo optimista e a cinefilia romântica que fazem o encanto do cineasta. Ainda assim: é o melhor Kaurismäki em anos, é o seu filme mais acessível aos não-iniciados talvez de sempre.
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“Os estrangeiros vêem sempre os vagabundos com um olhar muito romântico” - é um dos diálogos programáticos que se ouve no novo filme do finlandês Aki Kaurismäki, e talvez esteja aqui uma das chaves, mais do que do filme, do próprio universo estilizado do cineasta finlandês, sempre honrando um cinema clássico, primordial, puro, sem nunca escamotear que o está a fazer de uma posição de modernidade contemporânea. “Le Havre”, muito mais do que em filmes anteriores, traz uma contaminação dessa nostalgia lúcida pelas regras feias do mundo real, atirando um emigrante ilegal dos dias de hoje para o meio de um bairro popular saído do cinema francês dos anos 1930, mas é um combate desigual porque o lado “engagé” e realista, mesmo que discreto, dessa história não se dá muito bem com o humanismo optimista e a cinefilia romântica que fazem o encanto do cineasta. Ainda assim: é o melhor Kaurismäki em anos, é o seu filme mais acessível aos não-iniciados talvez de sempre.