Novas lojas na Baixa afastam "fantasma" da crise

“As rendas altas são um problema” para os comerciantes. Mas sempre há rebuçados artesanais, soutiens personalizados e humor retro na Baixa pombalina

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Papabubble

Rebuçados artesanais, soutiens personalizados e humor retro são alguns dos produtos que podem ser encontrados em lojas da Baixa pombalina que, apesar da crise e do "fantasma" de uma zona envelhecida, abriram portas nos últimos tempos.

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Rebuçados artesanais, soutiens personalizados e humor retro são alguns dos produtos que podem ser encontrados em lojas da Baixa pombalina que, apesar da crise e do "fantasma" de uma zona envelhecida, abriram portas nos últimos tempos.

Mesmo com notícias de lojas a fechar na Baixa, há dois anos esta zona foi a primeira escolha para abrir uma casa da Papabubble, uma loja de rebuçados e doces feitos à mão. “Tínhamos a consciência disso, mas [agora] percebemos que a partir do momento que a nossa actividade se centrou aqui, havia coisas novas da baixa”, lembra o gerente da loja, Vasco Pinto.

Ainda assim, e apesar dos clientes, Vasco Pinto considera que este “vai ser o ano charneira” para os comerciantes da Baixa. “Acho que há muitos negócios que estariam estáveis e que agora vão provavelmente fechar. Já se vêem muitos anúncios de trespassa-se a preparar o pior”, aponta.

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Dama de Copas

Também a Capitão Lisboa, uma loja de prendas e decoração, fixou-se na Baixa quando esta zona histórica “estava a receber energia nova”, no Verão de 2010. “Quisemos contribuir para essa energia nova. Queremos contribuir para que esse crescimento da Baixa, que estava tão adormecido, também acontecesse”, relembra um dos representantes da marca, Márcio Barcelos.

Apesar de considerar que este processo de revitalização “ainda não é final”, Márcio Barcelos salienta que, com a chegada de outras lojas e hostels nos últimos dois anos, a Baixa “já está mais animada”.

Uma dezena de lojas novas

O presidente da Associação para a Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), Manuel Lopes, indica que se fixaram nesta zona histórica uma dezena de novas lojas nos últimos tempos, principalmente “porque o empresário jovem está cansado” das condições dos centros comerciais e procura agora espaços históricos.

Manuel Lopes admite que, ainda assim, “vão continuar a fechar muitas lojas” na Baixa, mas sublinha que é um problema geral do país: “Não têm condições de sobrevivência, pelas medidas de austeridade, por cansaço dos empresários ou por falta de actualização de produtos ou da renovação das lojas”, explica.

No entanto, este representante acredita que a procura pela Baixa vai manter-se, principalmente por jovens que trazem uma “nova forma de comercializar”. É o caso da loja de ‘lingerie’ Dama de Copas, onde há um acompanhamento personalizado na escolha do soutien, chegada à Baixa há quase dois meses.

Inês Baker, uma das sócias da casa, acredita que “há um potencial na Baixa” e que projectos novos vão atrair ainda mais: “Algumas pessoas podem pensar que se nós abrimos cá pode valer a pena”, considera. Inês Baker afirma que o negócio vai “correr bem de certeza”, mas deixa uma sugestão a outros comerciantes da Baixa: “Algumas lojas têm de se adaptar a novos tempos, tem de ter um website, uma página no Facebook, adaptar a sua imagem, fazer uma remodelação do espaço. Isso é muito importante”, diz.

A Dama de Copas teve de recuperar o edifício desenhado nos anos 1920 pelo arquiteto Raúl Lino, onde durante várias décadas existiu uma casa de produtos elétricos a pagar uma renda “muito baixa” e que dificultou as obras de reabilitação do espaço.

Se por um lado há antigos comerciantes a pagar cerca de 100 euros por mês de renda na Baixa e que dificultam a recuperação dos espaços por parte dos proprietários, por outro há “rendas actualizadas” de cerca de 70 euros por metro quadrado por mês.

Para João Coelho, sócio da Lisbon Lovers, uma marca de merchandising sobre a capital, que se fixou há menos de quinze dias na ‘incubadora de empresas’ na Rua da Prata, “as rendas altas são um problema” para os comerciantes e sugere que se baixem as rendas para novos negócios.

“Sabemos que há lojas a fechar, mas a ideia é contrariar essa tendências. Até era bom que as pessoas pudessem falar com os proprietários e olhassem para isso”, adianta. “Era bom que as pessoas percebessem que temos de dar a volta a isto”, remata.