Capturado o último líder do Sendero Luminoso

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"Camarada Artemio" a ser transportado numa maca para Lima Foto: AFP

“Isto permite-nos hoje dizer ao país que derrotámos a delinquência terrorista no Alto Huallaga ao capturar com vida Artemio, que está a receber tratamento aos seus ferimentos”, congratulou-se o chefe de Estado em declarações à Televisão Nacional do Peru, enquanto eram transmitidas imagens suas ao lado da cama de hospital onde se encontra o líder da guerrilha.

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“Isto permite-nos hoje dizer ao país que derrotámos a delinquência terrorista no Alto Huallaga ao capturar com vida Artemio, que está a receber tratamento aos seus ferimentos”, congratulou-se o chefe de Estado em declarações à Televisão Nacional do Peru, enquanto eram transmitidas imagens suas ao lado da cama de hospital onde se encontra o líder da guerrilha.

No domingo chegou a ser avançado que o último líder do grupo terrorista que se encontrava em liberdade tinha sido morto. No entanto, o Presidente peruano deslocou-se à localidade de Santa Lucía, uma zona de selva no norte do país e que tem servido de base militar à guerrilha, para acompanhar os procedimentos e garantir que “Artemio” seria entregue ao Ministério Público, em cumprimento dos direitos humanos.

Ollanta Humala adiantou que aconselhou Artemio – que segundo o Governo se chama realmente Florindo Eleuterio Flores – a pedir aos seus seguidores que larguem as armas e que coloquem um ponto final na violência. O detido foi transportado num avião militar para Lima, encontrando-se neste momento no hospital da polícia do país. O responsável peruano elogiou “o profissionalismo das forças da ordem” – que na mesma operação conseguiram deter outros membros da guerrilha e material diverso, como armas, munições, telemóveis e propaganda.

Há dois anos os Estados Unidos tinham oferecido uma recompensa milionária a quem conseguisse capturar Artemio – depois de, em 2002, uma bomba que explodiu junto à embaixada norte-americana em Lima ter feito nove vítimas mortais e o ataque ter sido atribuído ao Sendero Luminoso.

O próprio Presidente peruano, que foi ex-comandante do Exército, chegou a estar destacado na década de 1990 na zona onde agora aconteceu a detenção, mas na altura não conseguiu capturar Artemio, agora com cerca de 50 anos. “Tenho de agradecer a Deus que as circunstâncias da vida me tenham permitido estar hoje aqui como Presidente do Peru”, disse, citado pela Reuters, acrescentando que a sua prioridade será agora recuperar a zona associada à guerrilha e que tem “um potencial turístico e económico extraordinário”.

O grupo maoísta Sendero Luminoso começou por ser visto como um movimento reformista, no início de 1980, visando criar uma nova ordem social. Foi, no entanto, considerada o grupo insurrecto mais poderoso da América do Sul, com 10 mil membros, tendo entre 1980 e 2000 travado uma guerra civil em que terão morrido 70 mil pessoas.

Desde que Abimael Guzmán, fundador do Sendero, foi capturado em 1992, o movimento dividiu-se entre rebeldes que aceitaram o apelo do líder histórico para um acordo de paz, e dissidentes que juraram continuar a luta armada e que se associaram ao tráfico de droga.