Com a ajuda da net, é possível construir a própria antena TDT
Tesoura, caneta, fita-cola, fita-métrica... São antenas caseiras, soluções tipo MacGyver, adaptações mais ou menos estáveis
Como para quase tudo, é possível encontrar na Internet uma solução mais fácil (ou difícil, depende da perspectiva) para quem, por estes dias, não estiver interessado em comprar uma antena que lhe permita usufruir da Televisão Digital Terrestre (TDT), elemento essencial para captar o sinal digital. Tudo possível através de tutoriais em vídeo.
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Como para quase tudo, é possível encontrar na Internet uma solução mais fácil (ou difícil, depende da perspectiva) para quem, por estes dias, não estiver interessado em comprar uma antena que lhe permita usufruir da Televisão Digital Terrestre (TDT), elemento essencial para captar o sinal digital. Tudo possível através de tutoriais em vídeo.
O mais interessante (vê vídeo em cima) – não só por ser português, mas também pela explicação e demonstração – está no canal do YouTube 100SaberNada. Tornado público no dia 13 de Janeiro, já conta com mais de cem mil visualizações e os comentários também não são poucos (mais de cem).
Uma parte significativa deles faz notar que o processo realmente funciona, outra diz que nada de novo está a ser mostrado, e outra pergunta ainda se a técnica “também funciona nas TV’s tipo ‘caixote’” — sim, funciona, assegura o autor do vídeo; todavia, ressalva que será sempre necessário um descodificador de TDT e sinal suficiente na zona.
Será que funciona?
O P3 quis ter a certeza e, em colaboração com a revista o electricista, obteve um comentário de Luís Peixoto, engenheiro electrotécnico e director comercial da Televes, sobre a funcionalidade das antenas “caseiras” vistas no vídeo principal e no vídeo de método similar, à esquerda.
“Os vídeos apresentados são soluções "MacGyver"! De forma alguma podem ser apresentadas como soluções de antena para a recepção TDT. A cobertura TDT não é idêntica em todo o território nacional e, em grande parte dele, a mesma só é possível com antenas exteriores, adaptadas em frequência, com caixa de ligação blindada e sistema de pré-amplificação inteligente que se adapte às oscilações de sinais que ocorrem com frequência, sobretudo à noite”, explica Luís Peixoto.
O engenheiro electrotécnico refere ainda que “os sinais digitais são muito sensíveis a ruídos impulsivos (lâmpadas fluorescentes, motores, fontes de alimentação mal filtradas) e, como tal, a antena deve estar capacitada para minimizar a recepção desses ruídos, daí se aconselhar a utilização de antenas com caixa de ligações blindada”. “A solução que vemos nos vídeos não é válida para uma recepção permanente”, finaliza.
Verdade seja dita, ninguém pode exigir mais de uma antena fabricada em cinco minutos e apenas com material que, quase sempre, se encontra lá por casa. A saber: cabo coaxial, um “macho” de uma ficha de TV, tesoura, caneta, fita-cola e fita-métrica. Se alguém quiser tentar, basta seguir as instruções do vídeo.
Uma antena com cruzetas?!
No entanto, sabe-se que é possível construir uma antena “caseira” com cruzetas. Quem nos comprova é John Park, apresentador do programa “Make:”, da Make Magazine, conhecido por ensinar como fabricar diversas instrumentos, ferramentas e aparelhos.
O vídeo (vê à esquerda) data de 2009, o que se explica pelo facto de, nesse ano, os Estados Unidos terem transitado para a televisão digital. Isto quer dizer que tudo o que John Park explica no tutorial aplica-se, no presente, à realidade portuguesa.
Portanto, transformar uns pedaços de madeira e algumas cruzetas de metal numa antena de estilo Hoverman parece, de facto, possível. Para que tudo corra da melhor forma, além de se assistir ao vídeo, é aconselhável seguir todos os passos e medições disponíveis aqui. “Spoiler alert”! Quem quiser assistir até ao fim, arrisca-se a ficar a saber como construir uma “steadicam”.