Empresas saídas das universidades são às centenas e o número continua a crescer
São pequenos ou micronegócios em fase de arranque intimamente ligados à inovação e, na maioria, "filhos" das universidades. Chamam-lhes spin-offs ou start-ups e são cada vez mais em Portugal. Só na Universidade do Porto (UP), esta promessa de negócio reunia cinco projectos em 2007 - hoje já soma 106. Mas há mais exemplos. Ontem, em Coimbra, foi apresentado um resultado concreto da inovação nacional, com o lançamento do primeiro fármaco produzido numa universidade portuguesa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
São pequenos ou micronegócios em fase de arranque intimamente ligados à inovação e, na maioria, "filhos" das universidades. Chamam-lhes spin-offs ou start-ups e são cada vez mais em Portugal. Só na Universidade do Porto (UP), esta promessa de negócio reunia cinco projectos em 2007 - hoje já soma 106. Mas há mais exemplos. Ontem, em Coimbra, foi apresentado um resultado concreto da inovação nacional, com o lançamento do primeiro fármaco produzido numa universidade portuguesa.
Os dados fornecidos pela Universidade do Porto são os mais expressivos, mas não são os únicos que demonstram o crescimento das spin-offs ligadas a instituições de ensino superior público e não só. A Universidade do Minho (UM) tem um registo igualmente assinalável, tendo aumentado de seis em 2005 para 43 em 2011. Para obter um retrato mais claro desta realidade, a UM avançou no ano passado para um inquérito que quis "mapear todo o universo empresarial que tenha tido por base a formação superior na academia" e concluiu que existiam 113 empresas criadas nas quais pelo menos um dos sócios é actual ou ex-aluno, docente ou investigador desta universidade. Contas feitas, são projectos que representam 362 milhões de euros em volume de negócio e 2226 postos de trabalho.
Na Universidade de Coimbra, o crescimento parece ser mais tímido, mas, ainda assim, significativo, com o registo de nove spin-off sem 2004 e 22 em 2010, a que se juntam mais 15 start-ups na órbita do Instituto Pedro Nunes. Em Aveiro, foram criadas 28 spin-offs entre 2006 e 2011, existindo ainda 12 empresas deste tipo na incubadora da universidade.
A Universidade de Lisboa parece ficar aquém deste "volume de negócios", dando conta da criação de "quatro spin-offs no último ano". No Instituto Superior Técnico, depois do avanço em 2009 da comunidade na área de Transferência de Tecnologia, há actualmente 37 spin-offs.
São números que demonstram claramente uma área em crescimento mas que não traduzem as dificuldades nem os bons ou maus resultados deste universo. Sobre isso, a Agência de Inovação apresentou em Novembro um trabalho com os resultados das spin-offs por si apoiadas e que podem servir de indicadores gerais. Assim, numa avaliação da última década, verificou-se que a taxa de crescimento média anual das spin-offs relativamente a vendas era de 11%, contra os dois por cento negativos das "outras empresas". O mesmo se passava ao nível das exportações.
A área da Saúde será uma das mais exploradas por estas pequenas e microempresas. Em Abril de 2008, o Health Cluster Portugal (HCP) iniciava a sua missão de internacionalizar a saúde nacional com 55 parceiros. Hoje reúne 125 instituições e mantém o objectivo de lançar cinco novos medicamentos portugueses até 2020. "É óbvio que a actual situação económica não é risonha para ninguém, mas, em relação aos nossos parceiros, as coisas não pararam", refere Joaquim Cunha, director executivo do HCP.
A produção do radiofármaco desenvolvido a partir da Universidade de Coimbra não o surpreende. "Vamos ter mais notícias deste género vindas da academia e empresas", reage, adiantando que, nos próximos anos, deverão surgir medicamentos inovadores desenvolvidos em Portugal para a área do cancro e das doenças cardiovasculares.
Ainda que não tenha dados precisos, Joaquim Cunha afirma que as exportações portuguesas na área farmacêutica, de dispositivos médicos, meios auxiliares de diagnóstico e soluções informáticas "estão em franco crescimento". "O mercado da inovação está a borbulhar. Temos recursos humanos altamente qualificados nas academias que, com esta crise, começam a ir à luta e criam empresas. A transferência do conhecimento para o mercado está a fazer o seu caminho."
Um caminho que, aliás, está a ser reconhecido fora de Portugal. Na mais recente edição do Innovation Union Scoreboard, Portugal surge no grupo dos países "moderados" em termos de inovação, mas merece uma referência especial por ser "líder" na tabela dos países que mais depressa cresceram, com a melhor performanceno desenvolvimento da inovação.