O trabalho dele é brincar com LEGO

Mudou-se para a Dinamarca, passa os dias a construir LEGO e sempre que precisa pode recorrer a um "stock" invejável. Nota: no final, ainda lhe pagam

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Quando era criança, Marcos Bessa tinha um sonho: trabalhar como LEGO designer. OK, não é nada de especial, já que muitas crianças, jovens ou adultos sonham o mesmo. A diferença na história deste engenheiro portuense é o final: super feliz.

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Quando era criança, Marcos Bessa tinha um sonho: trabalhar como LEGO designer. OK, não é nada de especial, já que muitas crianças, jovens ou adultos sonham o mesmo. A diferença na história deste engenheiro portuense é o final: super feliz.

Aos 18 anos deu o primeiro passo para se tornar num AFOL (Adult Fan of LEGO), ao optar por gastar “todo o dinheiro que tinha reunido”, durante meses, para comprar um smartphone, em conjuntos LEGO. Nos três anos que se seguiram desempenhou um papel “bastante activo” na Comunidade 0937, uma das comunidades de fãs de tijolos coloridos em Portugal.

Estávamos no Verão de 2010 e Marcos Bessa nem pensou duas vezes quando soube que a empresa estava a recrutar novos designers: decidiu arriscar e enviar uma candidatura, juntamente com um “portefólio preenchido, sobretudo, com criações LEGO”. Isto apesar de ser engenheiro informático e de computação, curso tirado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Foi o único português a ser chamado para a segunda fase de selecção, um workshop na sede da empresa, em Billund, na Dinamarca. Saiu-se bem e ficou entre os 10 felizardos que conseguiram um lugar.

Um jovem normal

Hoje, com apenas 22 anos, Marcos é um emigrante português na Dinamarca. Desde Outubro de 2010 que trocou o Porto pela cidade de Vejle e, apesar das diferenças e da novidade de se ver sozinho, está já “completamente habituado”. “É a primeira vez que estou a viver fora de casa dos meus pais. É o meu primeiro emprego e é a primeira vez que vivo fora do país”, conta Marcos, por e-mail, ao P3.

Mas nada disso o desmoralizou. Afinal, o relato do seu dia-a-dia pode fazer inveja a muita gente. Na maioria das vezes, o trabalho de Marcos “resume-se a construir com LEGO”, na sua secretária, “horas e horas a fio…”. Caso faltem peças no seu gabinete tem o luxo de se poder dirigir a uma sala, no mesmo edifício, “onde estão disponíveis – aí sim – todas as peças”. Foi assim que pensou alguns dos conjuntos do Batman, já no mercado.

Ainda que muitos dos conjuntos que cria “não vejam a luz do dia”, por serem, sobretudo, de modelos conceptuais, servem “de inspiração para o desenvolvimento de outros produtos”. Pelo meio bebe chá com os colegas, com quem fala quase sempre em inglês, e tem reuniões em que decidem novas criações. No final do dia regressa a Vejle de autocarro, naquela que é, segundo o próprio, “uma vida normal de um jovem de 22 anos”.

Mas normal não é a palavra para descrever a experiência que Marcos teve, em Fevereiro de 2011, em Londres. “Sem dúvida que não vou esquecer a visita aos estúdos de gravação do novo Batman, de Christopher Nolan (…). Tive oportunidade de conhecer toda a história do filme, 'visualizer concept art', fatos de personagens, assistir a gravações! Foi brutal.”

De momento continua a trabalhar no projecto “LEGO Super Heroes”, uma licença que a empresa dinamarquesa possui para criar produtos associados aos diversos super-heróis do universo Marvel e da DC Comics. Pelas mãos deste jovem engenheiro português passam, diariamente, os produtos que, em 2013, vão encher prateleiras um pouco por todo o mundo.