Krugman acusa decisores de amnésia intencional que leva a austeridade ruinosa
Krugman, professor na Universidade de Princeton e Prémio Nobel em 2008, elaborou gráficos nos quais se compara a evolução do PIB na Grã-Bretanha e na Itália desde o início da Grande Depressão de 1929 com a evolução desde o início da crise actual (a que chama “Grande Recessão” e cujo início data de 2007). Olhando para estas comparações, fica claro que a evolução agora está a ser bastante pior.
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Krugman, professor na Universidade de Princeton e Prémio Nobel em 2008, elaborou gráficos nos quais se compara a evolução do PIB na Grã-Bretanha e na Itália desde o início da Grande Depressão de 1929 com a evolução desde o início da crise actual (a que chama “Grande Recessão” e cujo início data de 2007). Olhando para estas comparações, fica claro que a evolução agora está a ser bastante pior.
Quatro anos após o início da crise de 1929, o PIB do Reino Unido já tinha alcançado o pico pré-crise. Pelo contrário, agora isso ainda não aconteceu,e a tendência projectada é para que nos próximos dois anos continue a evoluir pior do que nos anos 1930. No caso da Itália, o nível pré-crise foi alcançado cinco anos após 1929, enquanto na crise actual ainda não se perspectiva quando é que isso acontecerá.
Estes dois gráficos estão no blogue de Krugman, numa entrada datada de sábado, e serviram de base ao texto que publicou na coluna que tem no jornal The New York Times de domingo e que intitulou como “O fiasco da austeridade”. O autor argumenta que, juntando a Espanha, três das cinco maiores economias europeias estão “no clube dos que estão pior”, o que representa “um colossal fracasso da política”, mesmo que haja ressalvas a fazer.
Krugman reconhece que a França e a Alemanha estão agora com um desempenho de PIB “muito melhor do que no início dos anos 1930”, mas sugere que isso se deverá às “terríveis políticas deflacionistas” que tiveram no passado. E receia que os EUA acabem por ficar virados para a direcção errada devido à Europa Continental, “onde as políticas de austeridade estão a ter o mesmo efeito que na Grã-Bretanha, com muitos sinais a apontarem para recessão este ano”.
O economista, que trabalhou em Portugal durante a década de 1970, diz ainda que “o que é enfurecedor nesta tragédia é que era completamente desnecessária”. Segundo explica, há cerca de meio século, qualquer economista ou qualquer estudante que tivesse lido Economics, de Paul Samuelson, poderia dizer que austeridade em cima de uma depressão era “muito má ideia”.
Mas agora “decisores políticos, analistas e muitos economistas decidiram, em grande medida por razões políticas, esquecer-se do que antes sabiam”, e “milhões de trabalhadores estão a pagar o preço por esta amnésia intencional”.