Petroplus rejeita suspeitas de falência fraudulenta

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Petroplus tem cinco refinarias na Europa e pôs uma à venda Foto: Stefan Wermuth/Reuters

Depois de encerrar três das suas cinco refinarias na Europa e de pôr à venda a unidade francesa de Petit Couronne, a Petroplus anunciou há dias um pedido de insolvência, face às dificuldades financeiras que enfrentava desde há um mês, quando viu congelada face uma linha de crédito de cerca de mil milhões de dólares (perto de 780 milhões de euros).

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Depois de encerrar três das suas cinco refinarias na Europa e de pôr à venda a unidade francesa de Petit Couronne, a Petroplus anunciou há dias um pedido de insolvência, face às dificuldades financeiras que enfrentava desde há um mês, quando viu congelada face uma linha de crédito de cerca de mil milhões de dólares (perto de 780 milhões de euros).

Não demorou até que o Ministério Público francês abrisse um inquérito preliminar, suspeitando de que a Petroplus-França tenha desviado 100 milhões de euros das suas contas.

Antes de a empresa reagir num comunicado a rejeitar “todas as suspeitas de falência fraudulenta em França”, Patrick Monteiro de Barros explicou à agência Lusa tratar-se de “uma conta caucionada que foi saldada por acção do banco detentor da caução sem qualquer intervenção da empresa”.

No dia em que declarou insolvência, na última segunda-feira, a filial francesa da Petroplus, a Petroplus Marketing France, tinha no Deutsche Bank, um dos bancos credores da Linha de Crédito Renovável, um saldo “de 124 milhões de euros e de 59 milhões de dólares [44,8 milhões de euros]”. Nesse dia, o Deutsche Bank transferiu esse dinheiro dessas contas para essa linha de crédito, fez saber a Petroplus num curto comunicado.

Os problemas financeiros do grupo acentuaram-se em Dezembro, quando os credores anunciaram à Petroplus o congelamento de uma linha de crédito que a empresa considerava essencial para a sua sobrevivência.

O desacordo com os credores não se desfez, levando a empresa a suspender provisoriamente a actividade de três unidades (a francesa de Petit Couronne, a de Antuérpia, na Bélgica, e a de Cressier, na Suíça). Face às dificuldades, a refinaria francesa foi, entretanto, posta à venda e as outras duas correm também o risco de desmantelamento.

O desacordo com os credores levou a agência de notação financeira Moody’s a cortar, hoje, o rating da empresa em dois níveis. O grupo, que já estava avaliado com uma nota tida nos mercados como “lixo” financeiro, passa a estar avaliado no nível Ca.

Também hoje, a empresa confirmou que o Ministério Público francês abriu uma investigação. De acordo com uma informação revelada pela AP, as autoridades revistaram os escritórios da Petroplus em Paris e do banco alemão que integra o consórcio dos credores.

O impacto em bolsa fez-se sentir com uma queda a pique das acções do grupo, com uma desvalorização de mais de 23%.