Escalada nos juros leva dívida a dez anos a recorde de 15%

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Bolsas europeias iniciaram o dia em alta Foto: Patrícia de Melo Moreira/AFP

O movimento de subida das taxas portuguesas foi prolongado em todos os principais prazos da dívida nacional que é transaccionada nos mercados secundários (de revenda de dívida). Isto apesar de o Banco Central Europeu ter intervido no mercado para comprar dívida portuguesa, segundo avançaram à agência financeira Bloomberg operadores de mercado com conhecimento das operações.

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O movimento de subida das taxas portuguesas foi prolongado em todos os principais prazos da dívida nacional que é transaccionada nos mercados secundários (de revenda de dívida). Isto apesar de o Banco Central Europeu ter intervido no mercado para comprar dívida portuguesa, segundo avançaram à agência financeira Bloomberg operadores de mercado com conhecimento das operações.

Pela primeira vez, as Obrigações do Tesouro a dez anos ficaram nos 15,135%, segundo valores da agência Reuters. Nunca os investidores tinham pedido uma taxa tão alta pelos títulos com esta maturidade, desde que existe a moeda única.

O mesmo se verifica com a dívida a cinco anos, cujas taxas registaram uma forte subida entre ontem e hoje. O valor implícito às transacções tocou nos 20,143%, quando ontem ao final da tarde os títulos transaccionavam nos 19,2%.

Esta tendência fazia-se hoje sentir também nos restantes principais prazos, embora sem se registarem recordes. Os títulos a três anos subiram para os 20,6% e a dois anos para os 15,4%.

A pressão prolonga-se nos títulos da dívida grega, que hoje subiram para novos valores recorde a dez, três e dois anos – nos 37,2%, 102,8% e 22,4,9%, respectivamente.

Pelo contrário, as taxas italianas e espanholas estão a recuar em todos os principais prazos. Os títulos de Itália caíram para 6,09%, mais altas do que as obrigações espanholas, que estão nos 5,2%. E as taxas italianas a cinco anos recuaram para 5,03%, enquanto as espanholas baixaram para 3,9%.

Esta subida acentuou-se na semana em que o Wall Street Journal escreveu que investidores e políticos temem que Portugal venha a precisar de um segundo pacote de assistência financeira, com a improbabilidade de regressar em força aos mercados primários, em 2013, para emitir dívida de longo prazo, como se prevê no Memorando de Entendimento assinado com a troika.

Um relatório recente do Instituto Internacional de Finanças (IIF), a entidade que negoceia um perdão à dívida grega, acentuava esses receios, afirmando que o regresso aos mercados parece improvável, mesmo se Portugal cumprir as metas do défice.

O IGCP, o instituto responsável pela gestão da dívida pública portuguesa, anunciou hoje que Portugal vai na próxima quarta-feira emitir dívida de curto prazo, em Bilhetes do Tesouro com maturidades de 18 de Maio deste ano e 20 de Julho. Nos dois leilões, o Estado conta pedir emprestado entre 1250 milhões de euros e 1500 milhões.