Eu tenho um sonho

Sonho com o dia em que, no meu país, os estudantes podem estudar sem limitações monetárias. E com o dia em que todas as pessoas que procuram trabalho conseguem encontrá-lo

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ctankcycles/Flickr

Eu tenho um sonho. Sonho com o dia em que o meu país se torna um verdadeiro Estado de direito democrático, sem falhas, onde todos os seus cidadãos podem exercer livremente todos os seus direitos. Sonho com o dia em que, no meu país, os deveres que incumbem a cada um de nós são cumpridos, não por serem deveres, mas pelo sentido do dever. Sonho com o dia em que, no meu país, o voto representa verdadeiramente o poder do povo, e não apenas uma rotatividade sem consequências.

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Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Eu tenho um sonho. Sonho com o dia em que o meu país se torna um verdadeiro Estado de direito democrático, sem falhas, onde todos os seus cidadãos podem exercer livremente todos os seus direitos. Sonho com o dia em que, no meu país, os deveres que incumbem a cada um de nós são cumpridos, não por serem deveres, mas pelo sentido do dever. Sonho com o dia em que, no meu país, o voto representa verdadeiramente o poder do povo, e não apenas uma rotatividade sem consequências.

Eu tenho um sonho. Sonho com o dia em que, no meu país, todos os cidadãos são iguais entre si, na diversidade que os caracteriza, e não diferentes uns dos outros numa unidade apenas formal. Sonho com o dia em que todas as crianças têm uma casa e uma família, biológica ou de coração, que os ama e que os ajuda a crescer com alegria, com solidez e em segurança. Sonho com o dia em que todos podem casar com quem quiserem, não apenas no papel, mas perante toda a sociedade, que os acolhe como sua parte integrante.

Eu tenho um sonho. Sonho com o dia em que, no meu país, os estudantes podem estudar sem limitações monetárias nem de qualquer ordem. Sonho com o dia em que, no meu país, todas as pessoas que procuram trabalho conseguem encontrá-lo e são justamente remuneradas pelo seu esforço e não em função do seu “valor de mercado”. Sonho com o dia em que os reformados, depois de uma vida de trabalho e de contribuição para a sociedade, recebem desta o necessário para um fim de vida digno e sem preocupações, tendo acesso, nomeadamente, a todos os cuidados de saúde sem custos ou a custos muito reduzidos.

Eu tenho um sonho. Sonho com o dia em que, no meu país, a opinião pública é formada, de forma livre e esclarecida, por todos os portugueses, com igual acesso ao conhecimento. Sonho com o dia em que os meios de Comunicação Social, sem excepção, contribuem de forma activa na prestação de informação verdadeira, correcta e independente, sem pressões e sem intromissões de quem quer que seja.

Eu tenho um sonho. Sonho com o dia em que não são (sempre) os mais fracos a suportar os desvarios dos mais fortes, nomeadamente no que respeita às finanças públicas. Sonho com o dia em que os meus compatriotas deixam o comodismo dos seus lares para ajudar, de coração aberto, aqueles que estendem a mão à caridade por terem sido abandonados pela sorte.

Sonho com o dia em que Portugal se torna numa terra de prosperidade, com orgulho na sua história, na sua tradição e nos seus costumes. Sonho com o dia em que deixamos de ser “alunos”, para passamos a ser mestres – mestres na defesa da liberdade da pessoa humana e da vontade popular, mestres na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Tal como estabelece o artigo 1.º da Constituição da República Portuguesa.

Nota da autora: este texto teve propositadamente como inspiração o célebre discurso de Martin Luther King Jr., em Washington, conhecido pela expressão “I have a dream”. Se ainda fosse vivo, teria comemorado, no passado dia 15 de Janeiro, 83 anos.