Praça de Lisboa rasgada por rua entre Clérigos e livraria Lello

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Obras em curso vão deixar a praça com uma rua a atravessá-la Nelson Garrido

A primeira fase das obras de construção da nova Praça de Lisboa, no Porto, já está concluída e revela uma novidade em relação ao projecto inicial. A passagem que corta a praça, ligando a Torre dos Clérigos à livraria Lello, e que estava inicialmente projectada como um espaço coberto, surge agora ao ar livre, como se de uma nova rua se tratasse. O restaurante Shis será o espaço-âncora da zona comercial designada como "Passeio dos Clérigos".

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A primeira fase das obras de construção da nova Praça de Lisboa, no Porto, já está concluída e revela uma novidade em relação ao projecto inicial. A passagem que corta a praça, ligando a Torre dos Clérigos à livraria Lello, e que estava inicialmente projectada como um espaço coberto, surge agora ao ar livre, como se de uma nova rua se tratasse. O restaurante Shis será o espaço-âncora da zona comercial designada como "Passeio dos Clérigos".

A ideia de converter a passagem entre os Clérigos e a Lello num espaço descoberto começou a tomar forma assim que se percebeu que a falência da livraria Byblos, apontada como o grande espaço comercial da praça, obrigaria a uma mudança de estratégia, explica ao PÚBLICO o arquitecto Pedro Balonas, cujo gabinete é responsável pelo projecto em curso. "A passagem a descoberto não fazia parte do projecto, mas começou a ganhar forma quando mudámos o programa [de ocupação]. Já se percebeu que hoje em dia as marcas têm maior apetência por negócios de rua, mais do que por recintos fechados", explica.

A solução que hoje está à vista de todos é um atravessamento resguardado, mas descoberto, que concretiza o que para o arquitecto era já "um percurso natural, entre aqueles dois ícones" da cidade. "Com esta solução, é possível ligar os Clérigos e a Lello de uma forma muito mais fluida e clara. Vai ser uma rua, não vai ter nome, mas, na prática, é como se fosse mais uma rua ali", diz Balonas.

Com o levantamento da estrutura concluído, a fase seguinte da obra promovida pelo consórcio Urba-Clérigos passará pelo tratamento da cobertura.

A superfície ondulada em betão será coberta por relva "tipo prado" e receberá um olival. "Serão plantadas 50 oliveiras. Historicamente, aquilo era um olival e esta é uma forma de repor o jardim que existia naquela zona", explica o arquitecto. A relva vai ser pontuada por "diferentes tipos de sementes, para atrair uma variedade de pássaros" e os portuenses vão poder usufruir do espaço sentados nas esplanadas de três quiosques que vão ocupar esta zona da praça.

Dez espaços comerciais

Pedro Balonas diz que estes quiosques "com uma forma tradicional" serão "muito pequeninos, quase estruturas efémeras" e que irão permitir usufruir da praça de outra vertente.

O miolo da praça, já baptizado Passeio dos Clérigos, vai albergar o Pólo Zero da Federação Académica do Porto - uma promessa eleitoral do presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, e que tem sido a única constante do projecto, no que à ocupação diz respeito - e dez espaços comerciais.

O maior deles todos, com 1900 m2 (a praça tem 3600 m2 de área bruta locável), será um restaurante com a assinatura Shis (ver caixa). Além deste espaço, existirá ainda um café e oito lojas cujo conteúdo falta definir, mas que deverão passar pela moda. "Neste momento, existem várias propostas interessantes em cima da mesa, que estão a ser analisadas", diz ao PÚBLICO uma fonte ligada ao processo. Apesar de não existir ainda nenhum outro contrato fechado, estão a ser privilegiadas "propostas de marcas da área da moda, com ofertas que sejam atractivas e que valorizem claramente a oferta comercial nesta área de negócio", acrescenta.

O investimento na requalificação da Praça de Lisboa ronda os seis milhões de euros. A inauguração oficial do espaço deverá acontecer em Junho, por altura das festas de S. João, mas fonte da UrbaClérigos já admitiu ao PÚBLICO que poderá haver uma "antecipação" deste prazo.

A UrbaClérigos foi a única concorrente a apresentar-se ao concurso público lançado pela Câmara do Porto, em Dezembro de 2006, para requalificar a Praça de Lisboa, votada ao abandono. A conclusão da obra chegou a ser apontada para meados de 2009, mas foi sendo sistematicamente adiada. O primeiro percalço surgiu com a falência da livraria Byblos, que fora apontada como a loja-âncora da nova praça.

A Câmara do Porto mantém a posse da praça, mas cedeu o direito de superfície à UrbaClérigos por 50 anos.