Soca: o irmão esquecido do reggae

Ritmos parvos de tão felizes que são, atmosfera festiva e letras sobre os assuntos mais inesperados: o soca é um estilo musical verdadeiramente único

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Quando se fala de música caríbica, salta imediatamente à mente a Jamaica, aquele pequeno país que, do ska ao reggae, passando pelo dancehall, conseguiu fazer furor pelo mundo fora. Mas não muito longe dessa ilha, no arquipélago de Trinidade e Tobago, existe outro som a dar cartas: o soca.

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Quando se fala de música caríbica, salta imediatamente à mente a Jamaica, aquele pequeno país que, do ska ao reggae, passando pelo dancehall, conseguiu fazer furor pelo mundo fora. Mas não muito longe dessa ilha, no arquipélago de Trinidade e Tobago, existe outro som a dar cartas: o soca.

No seu país natal, o soca é um estilo com décadas de história; as suas raízes residem no calypso, estilo musical afro-caribenho, mas foi-se actualizando em função dos tempos. O soca até tem o seu próprio Bob Marley, na figura de David Rudder.

Uma das características mais típicas do soca é discutir assuntos da actualidade, função que herdou do calypso. Um bom exemplo é a faixa "Philip My Dear" de Mighty Sparrow, sobre um incidente real em que um indivíduo conseguiu entrar no quarto da rainha da Inglaterra.  Mas também há exemplos mais modernos. "Arthitris" (Artrite, em português) de RPB utiliza um ritmo dançável para falar dos problemas da doença que dá título à música. Por sua vez, "Pokémon", de Square One, discursa sobre esta moda nipónica que estava a conquistar o mundo quando o disco foi lançado. 

Dos Verve a Bollywood

Através destes exemplos, percebe-se que a música soca actual é digital, com fortes ligações ao dancehall jamaicano. Há também uma utilização frequente de samples, como em “Sweet Soca Music” de Sugar Daddy, que utiliza a secção de cordas do êxito “Bittersweet Symphony” dos britânicos The Verve (vídeo à esquerda).

Existe uma forte comunidade imigrante das Caraíbas no Reino Unido. Como tal, o soca também aí faz sucesso, principalmente durante o famoso Notting Hill Carnival, um Carnaval britânico que deve a sua existência, em parte, à população vinda de Trinidade e Tobago, onde esta celebração já era tradição.

A última grande tendência dentro do soca é um contacto cada vez mais íntimo com o chutney, outro estilo com as mesmas origens. Este alia música tradicional indiana e bandas sonoras Bollywood aos ritmos do soca. Um bom exemplo é o recém-lançado “Magic Wand”, de Ranjeev D’Heartbreaker.