Soldados dos EUA já fazem treino de guerra com jogo de vídeo
Motor gráfico CryEngine permite aos EUA treinar soldados num simulador de guerra. Por 57 milhões de dólares
Esqueçam Battlefield, Call of Duty e mais um ou outro título “à la” First Person Shooter (FPS) que conheçam. Ou, se calhar, é melhor não esquecerem, porque, na verdade, são os únicos que estão ao alcance do comum mortal. “Dismounted Soldier Training System” é também uma espécie de FPS (videojogo de tiro em que assumimos o ponto de vista da primeira pessoa, ou seja, do protagonista). Mas mais caro.
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Esqueçam Battlefield, Call of Duty e mais um ou outro título “à la” First Person Shooter (FPS) que conheçam. Ou, se calhar, é melhor não esquecerem, porque, na verdade, são os únicos que estão ao alcance do comum mortal. “Dismounted Soldier Training System” é também uma espécie de FPS (videojogo de tiro em que assumimos o ponto de vista da primeira pessoa, ou seja, do protagonista). Mas mais caro.
Ao exército norte-americano custou 57 milhões de dólares, cerca de 45 milhões de euros. O preço justifica-se pelo facto de se tratar do primeiro simulador virtual, totalmente imersivo, de programa de treinos para soldados. Ou seja, altamente restritivo.
O acordo feito entre os EUA e a empresa que lidera o desenvolvimento do sistema, a Intelligent Decisions, fora anunciado a meio de 2011, mas, há poucos dias, uma outra empresa responsável pelo simulador em si, a RealTime Immersive, divulgou dois vídeos que levaram muita gente a querer uma versão lançada para o público.
Uma das razões para essa reacção está relacionada com a utilização, pelo sistema, do mesmo motor gráfico – o CryEngine 3 – integrado no conhecido FPS “Crysis 2”. A questão é que este simulador que o exército americano arranjou para preparar os seus homens para cenários de guerra, sem a necessidade de os movimentar para lugares remotos, não corre em qualquer "hardware".
Soldados do futuro
Com o “Dismounted Soldier”, os militares apenas precisam de usar um capacete para serem transportados para o equivalente virtual de um Iraque ou Afeganistão. Ele vem equipado com uns óculos específicos, por onde os soldados vêem o campo de batalha virtual, e com auscultadores de som “surround”, que reagem a parâmetros complexos, como distância do som e relação do mesmo com o barulho da batalha.
Contém ainda um microfone e um intercomunicador de rádio. Mas este “casco mágico” é apenas um dos elementos que compõem o equipamento do soldado. Às costas, vai o computador que cria o ambiente 3D visto nos óculos; no corpo, sensores, para que esta espécie de videojogo detecte os movimentos feitos na realidade; nas mãos, réplicas de todo o tipo de armas, com os mesmos sensores.
Desta forma fica garantido que todos os movimentos que os soldados fizerem com os seus corpos e com as armas são transferidos para o simulador. Até mesmo expressões faciais de medo, raiva e agressividade são lidas pelo sistema.
O “Dismounted Soldier Training System” consegue ainda estimar as consequências das lesões que o soldado sofre no campo de batalha virtual. Campo esse que consiste numa área de nove metros quadrados para cada soldado. É aí que os sensores corporais lêem tudo o que eles fazem, seja correr, esconder-se, disparar, no fundo, preparar-se para um cenário de guerra real.