Calma, a próxima curta de Serrazina chega antes de 2027
Quando pensava que a sua última curta estava a “acabar o prazo de validade”, o fim de 2011 desmentiu-o. Serrazina é dos cineastas portugueses mais premiados
De uma coisa Pedro Serrazina não se pode queixar: de as suas curtas-metragens não serem premiadas. De uma coisa nós podemo-nos queixar: de não vermos mais curtas-metragens de Pedro Serrazina.
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De uma coisa Pedro Serrazina não se pode queixar: de as suas curtas-metragens não serem premiadas. De uma coisa nós podemo-nos queixar: de não vermos mais curtas-metragens de Pedro Serrazina.
O seu primeiro grande sucesso foi lá atrás, em 96, quando a “Estória do Gato e da Lua” estreou em competição, no festival de Cannes. Com 15 prémios internacionais arrecadados, Serrazina fez-se à estrada, para outras produções e projectos, onde se inclui a passagem “apaixonada” de cinco anos pelo curso de arquitectura.
O tempo passou, mas a eficácia em produzir pequenos filmes de animação susceptíveis de serem galardoados, nunca. Comprovou-o recentemente, quando em 2010 lançou “Os Olhos do Farol”, uma curta-metragem que engloba cenários pintados, imagens registadas ao vivo e personagens animadas. Tudo isto, misturado com uma história que se desenvolve sem diálogos.
Mas nem mesmo o tempo tem conseguido diluir o êxito do filme. “Uma curta-metragem, normalmente, tem um ciclo de vida de dois, três anos. O ‘Farol’ fez bastantes festivais no seu primeiro ano, teve alguns prémios e, de repente, quando eu pensei que o filme estava a acabar o seu prazo de validade, houve um prémio na Alemanha e, logo de seguida, um no Brasil”, recorda Serrazina.
O farol que já existia
Para tal não precisa de puxar muito pela memória, visto que as duas distinções foram atribuídas em Setembro de 2011. Por entre viagens, não só internacionais, mas também entre Lisboa e Porto, Pedro Serrazina lá se sentou, não na cadeira de realizador, mas na de entrevistado, e revelou ao P3 qual o prémio, entre os nove que “Os Olhos do Farol” já recebeu, e o festival, entre os “mais de 50” para os quais foi seleccionado, que o entusiasmaram mais.
Pasmemo-nos, foram os dois últimos. O da Alemanha – The International Children’s Film Festival LUCAS – porque não esperava que uma curta sem diálogos ganhasse o prémio de Melhor Animação num festival “onde as crianças mandam”. O do Brasil – Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa (CINEPORT) –, de Melhor Curta-metragem, porque pensava que, ali, o cinema de animação estivesse em plano de inferioridade.
Talvez tenha sido o “mix” de técnicas utilizadas (animação, pintura e imagens reais – o mar é o da Zambujeira) a facilitar a colecção de prémios do filme, porém, pasmados ficamos quando sabemos que “Os Olhos do Farol” já estava na cabeça de Serrazina na altura do “Gato e da Lua”, ou seja, há mais ou menos 15 anos. “Nessa altura teria sido mais difícil fazê-lo. Agora temos acesso a muito melhores soluções tecnológicas. Estou feliz, principalmente, por o ter conseguido acabar”.
Quinze anos, duas “curtas” mais do que galardoadas. Pelas contas, lá para 2027 assistiremos a mais um brilharete de Pedro Serrazina. “Espero que não tenhamos de esperar tanto tempo”, graceja.