“O Terceiro Homem”, de Carol Reed (1949)
Um filme inglês passado em Viena logo após a II Guerra Mundial com banda sonora executada num instrumento de cordas grego
Em terceiro lugar na lista masculina iniciada por “Marty” e continuada por “Lawrence da Arábia” temos “O Terceiro Homem”, filme inglês passado em Viena logo após a Segunda Guerra Mundial e cuja banda sonora é executada num instrumento de cordas grego.
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Em terceiro lugar na lista masculina iniciada por “Marty” e continuada por “Lawrence da Arábia” temos “O Terceiro Homem”, filme inglês passado em Viena logo após a Segunda Guerra Mundial e cuja banda sonora é executada num instrumento de cordas grego.
A zona onde se passa a acção, assolada por um problemático mercado negro, está sob jurisdição de uma força policial militar quadripartida (americana, inglesa, francesa e russa) e é a esta cidade sob ocupação estrangeira que vemos chegar Holly Martins (Joseph Cotten), um escritor americano de novelas do Oeste, para aceitar o emprego que o seu amigo Harry Lime (Orson Welles) lhe tinha proposto por carta. Mas Harry Lime não aparece para o receber à chegada do comboio. Martins procura-o em casa e descobre que ele está a ser enterrado no cemitério local.
Em pouco tempo, fica a conhecer o chefe da polícia militar inglesa, major Calloway (Trevor Howard) – de quem fica a saber que Hary Lime era um chefe sem escrúpulos do mercado negro –, o sargento Paine, apreciador dos livros de Martins, a namorada de Lime, a actriz de teatro Anna Schmidt (Alida Valli), o porteiro do prédio de Lime, o “Barão” Kurtz, o romeno Popescu. Comparando informações e principalmente tendo por base as fornecidas pelo porteiro, acaba por suspeitar de que a morte de Lime por atropelamento pode não ter sido acidental e começa a procurar um misterioso terceiro homem que parece ter estado no local do alegado acidente.
São as suas investigações que seguimos através de uma cinematografia que garantiu um Óscar a Robert Krasker (“Breve Encontro”, “Um Americano Tranquilo”) e de uma estilização de filme negro que em vários planos recorre à inclinação sensível das linhas verticais e aproveita como cenários, com grande efeito, ruínas genuínas do pós-guerra.
Partindo de uma história original de Graham Greene transformada em argumento pelo próprio, o jogo de claro-escuro sublinha o tom carregado da história, aligeirado aqui e ali por pormenores como a feliz sucessão de expressões faciais eloquentes do filho pequeno do porteiro ou a típica elegância grácil do actor Wilfrid Hyde-White, no papel de Mr. Crabbin, responsável pela Secção de Reeducação Cultural do quartel-general das forças inglesas, que permite a um Martins falido e sem fonte de rendimentos prolongar um pouco a sua estadia, em troca do compromisso de dar uma conferência sobre o tema “A Crise da Fé”.
A direcção dos actores Joseph Cotten (“O Retrato de Jennie”), Orson Welles (“O Mundo a Seus Pés”), Trevor Howard (“Breve Encontro”) e Alida Valli (“O Caso Paradine”) por parte do realizador Carol Reed (“A Casa Cercada”, “O Ídolo Caído”) completa a referência aos elementos que explicam que esta seja frequentemente citada como a sua obra maior.