A mais jovem eurodeputada tem “dois anos para mudar o mundo”
Amelia Andersdotter tem 24 anos, faz parte do Partido Pirata sueco e é a mais jovem eurodeputada. O P3 ouviu os seus planos.
Amelia Andersdotter podia ser uma estrela rock em ascensão, a franja comprida a esconder os olhos, um quase-desleixo que a leva a puxar as mangas do casaco de capuz com os polegares quando não está a clicar freneticamente no telemóvel, e um enfado bastante evidente ao responder a uma entrevista.
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Amelia Andersdotter podia ser uma estrela rock em ascensão, a franja comprida a esconder os olhos, um quase-desleixo que a leva a puxar as mangas do casaco de capuz com os polegares quando não está a clicar freneticamente no telemóvel, e um enfado bastante evidente ao responder a uma entrevista.
Só que Amelia Andersdotter não está num bar de hotel, não tem uma fila de jornalistas à porta e… não é uma estrela rock. Está num dos cafés do Parlamento Europeu em Estrasburgo, há apenas uma jornalista a entrevistá-la, e a razão é ela ser a mais jovem deputada do Parlamento Europeu. A eurodeputada sueca, do Partido Pirata, acabou de tomar posse na semana passada, aos 24 anos.
A Suécia ganhou representação parlamentar extra com o Tratado de Lisboa, que alterou o número de deputados por países. Tanto Andersdotter como outros 17 deputados tiveram de esperar pelo complexo processo de entrada em vigor do tratado para tomar posse, o que aconteceu na semana passada. Na verdade, Andersdotter recebeu os votos necessários para ser eleita com apenas 21 anos, nas eleições de 2009. Este período permitiu-lhe preparar-se para a vida de eurodeputada. “Na verdade, não esperava ser eleita”, confessa.
O que a levou a interessar-se por política — e pelo Partido Pirata — foi o facto de ter uma comunidade muito empenhada de pessoas. “Era mesmo um bom grupo.” Entrou na lista para o PE porque era a coordenadora internacional da organização juvenil do partido. “Era das poucas pessoas com perfil internacional”, declara.
O Partido Pirata preocupa-se com questões de gestão de informação, “em particular que direitos se devem aplicar à capacidade das pessoas decidirem que informação entregar, que informação receber, e o que é feito quer com a informação que entregam quer com a que recebem”, diz.
Piratas com algum sucesso
Ela acha que ser uma deputada pirata no Parlamento Europeu é ser a pessoa certa no sítio certo. “Estamos numa altura essencial de decisão sobre a política de informação. São coisas que têm de ser feitas agora”, afirma. A complexa estrutura de funcionamento das instituições europeias não assusta. “Não acho que seja assim tão complicado”, argumenta. Além disso, espera que haja mais eurodeputados piratas após as próximas eleições. “Este não é um fenómeno restrito. Há vários partidos piratas com algum sucesso, desde o alemão em Berlim, ao da Catalunha, da República Checa, também há alguma coisa na Finlândia…”, enumera.
Amelia Andersdotter estudava Direito Comercial na universidade, e não acabou o curso. Ainda pensa em estudar? “Às vezes.” E tem planos para quando o mandato acabar? “Tenho dois anos e meio para mudar o mundo. Estou um bocadinho ocupada a pensar nisso”, dispara. Tem um meio sorriso, mas não se percebe se está a ser irónica.