A minha comunidade
"Community" (segundas, às 22h25, no Sony) é das melhores "sitcoms" que para aí andam. É pena que nem toda a gente pense assim, mas este texto pode ajudar a mudar isso
Não consigo escolher a minha "sitcom" favorita entre "Rockfeller 30", "Community" e "Parks and Recreation". Todas me fazem, aos 24 anos, parecer uma criança feliz que não consegue parar de rir e sorrir em frente ao ecrã. A minha vida seria bem mais pobre sem elas. Foi por isso que fiquei triste quando descobri que a NBC tinha tirado "Community" da grelha para dar espaço à nova temporada de "Rockefeller 30". É como me obrigarem a escolher entre a mãe e o pai. Não a cancelaram e nem tudo está perdido, mas mesmo assim não augura nada de bom.
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Não consigo escolher a minha "sitcom" favorita entre "Rockfeller 30", "Community" e "Parks and Recreation". Todas me fazem, aos 24 anos, parecer uma criança feliz que não consegue parar de rir e sorrir em frente ao ecrã. A minha vida seria bem mais pobre sem elas. Foi por isso que fiquei triste quando descobri que a NBC tinha tirado "Community" da grelha para dar espaço à nova temporada de "Rockefeller 30". É como me obrigarem a escolher entre a mãe e o pai. Não a cancelaram e nem tudo está perdido, mas mesmo assim não augura nada de bom.
"Community", fruto da obsessão e do talento do brilhante Dan Harmon, é a história de um bando de deslocados que se juntam num grupo de estudo num "community college" (uma faculdade com menos prestígio e critérios que as outras, onde os cursos duram dois anos). Não há nada igual no mundo. A densidade de piadas, sejam referências à cultura pop ou observações meta-referenciais, é elevada. É dada uma grande atenção aos pormenores, com coisas hilariantes a acontecerem apenas no fundo das cenas ou piadas que só se completam se virmos excertos de episódios lado a lado.
Além disso, há uma tendência frequente para transformar a série em algo diferente a cada episódio: uma guerra de "paintball" que é como um "spaghetti western", toda a gente ficar "zombie", toda a gente ficar em plasticina, homenagens a "Tudo Bons Rapazes" ou "My Dinner With Andre". Há, na série, a ideia de que tudo pode acontecer, se bem que se obedeça sempre a uma estranha lógica. Quem alguma vez ouviu ou leu Dan Harmon a falar sabe que o criador é alguém que liga imenso à estrutura e à arte de contar histórias, e isso nota-se em cada segundo.
A questão que leva a NBC a pôr a série na prateleira é, como sempre, as audiências não serem muitas. Em anos recentes, cómicos que admirei durante anos, como Zach Galifianakis ou Louis C.K., tornaram-se "mainstream". Adorava que acontecesse isso com "Community". Acima de tudo, escrevo para partilhar com os outros o meu entusiasmo por aquilo que me faz feliz. É isso que quero fazer com este texto. Na vida, ponho, como devemos sempre pôr, a possibilidade de eu estar errado e o resto do mundo não. Mas depois olho para como "Community" me faz sentir e vejo que não é este o caso. Não pode ser. Nenhuma outra série cómica tem uma ambição tão grande. Mesmo assim, não acho que isso seja alienante. Claro, nem sempre resulta na perfeição, mas mesmo quando "Community" falha, não deixa de haver momentos brilhantes e piadas hilariantes. E é melhor tentar e falhar do que fazer sempre a mesma piada. Ouviste, Chuck Lorre?