Go Naked!
"Para o bem ou para o mal, repetir a mesma ideia vezes e vezes sem conta e com poucas variações é recorrente na arte contemporânea"
Spencer Tunick começou a fotografar pessoas nuas em 1992. Na primeira sessão, a câmara focou um senhor nuzinho da Silva em frente ao Independence Hall, em Filadélfia, nos EUA. Dois anos mais tarde, já fotografava grupos de pessoas nuas nas ruas de Nova Iorque. O método é sempre o mesmo: encontrar um sítio e um grupo de pessoas prontas a exporem a sua “candidez” nesse mesmo lugar.
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Spencer Tunick começou a fotografar pessoas nuas em 1992. Na primeira sessão, a câmara focou um senhor nuzinho da Silva em frente ao Independence Hall, em Filadélfia, nos EUA. Dois anos mais tarde, já fotografava grupos de pessoas nuas nas ruas de Nova Iorque. O método é sempre o mesmo: encontrar um sítio e um grupo de pessoas prontas a exporem a sua “candidez” nesse mesmo lugar.
Bem, a verdade é que, para o bem ou para o mal, repetir a mesma ideia vezes e vezes sem conta e com poucas variações é recorrente na arte contemporânea (veja-se um Roy Lichtenstein e os seus pontos de Benday). Afinal, esta espécie de obsessão estética acaba por se tornar numa assinatura facilmente reconhecível.
Próxima deste artista é a italiana Vanessa Beecroft, famosa pelas suas “instalações” de belíssimas mulheres, em torno de um espaço público (normalmente um adro de um museu), nuas ou de biquínis assinados por designers, com “stileto’s” bem lá nas alturas e um olhar aborrecidíssimo. Uma expressão “pós-feminista” do girl power? Perhaps…
A diferença entre os dois? A atitude. Beecroft cultiva um ar de "glamour", elitismo e arrogância enquanto que a abordagem de Tunick é desalinhada, desgrenhada, populista e um pouco piegas, mais como um “hippie be-in” do que um designer de moda.
Em ambos há uma vitória do corpo como objecto de Arte e não como objecto sexual ou de recriação. O próprio Tunick confessa que tenta criar uma espécie de Arquitectura feita de carne e osso. De qualquer forma, aqueles grupos de pessoas são quase um êxtase, uma abstracção que encarniça a nossa noção da nudez e desbrava as fronteiras da privacidade.