Jetman, o homem que já esteve no céu ao lado de aviões
Com quatro turbinas a jacto e uma asa às costas, Yves Rossy é o “Jetman”. Na sua última façanha, voou ao lado de dois caças
“Aaaaaaahhhhhhh!”. Seria isto, provavelmente, o que sairia da nossa garganta se, de repente, nos encontrássemos em pleno ar e víssemos, ao nosso lado, dois aviões… e nós não estivéssemos dentro de um terceiro. Não, nós seríamos o terceiro! Assusta a qualquer um, mas para Yves Rossy é apenas mais um dia no trabalho.
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“Aaaaaaahhhhhhh!”. Seria isto, provavelmente, o que sairia da nossa garganta se, de repente, nos encontrássemos em pleno ar e víssemos, ao nosso lado, dois aviões… e nós não estivéssemos dentro de um terceiro. Não, nós seríamos o terceiro! Assusta a qualquer um, mas para Yves Rossy é apenas mais um dia no trabalho.
Deve ter sido assim que o suíço de 52 anos encarou um destes dias em Novembro passado. Por certo levantou-se da cama, tomou o pequeno-almoço e disse: “Querida, hoje não me ligues por volta das x horas, porque vou estar no céu ao lado de dois caças da ‘Breitling Jet Team’”. Ao que ela deve ter respondido: “Vê lá se não te magoas!”.
E não se magoou. A experiência de Yves Rossy com a sua asa de propulsão a jacto tem aumentado ao longo dos anos e, além disso, conta com o conhecimento adquirido nos tempos em que era piloto de combate na Força Aérea Suíça e da altura em que pilotava os aviões Boeing 747 da Swiss Air. Actualmente, também faz voos comerciais pela Swiss International Air Lines.
Não ter penas, mas voar
Contudo, o desejo de ser como os pássaros – o sonho de Rossy sempre foi poder voar fora de uma estrutura controlada por mecanismos (como os aviões) – nasceu “há cerca de 20 anos”, quando descobriu “a queda livre”, disse o Jetman na conferência TED de Julho de 2011, em Edimburgo, na Escócia. “Quando saltamos de um avião estamos quase nus (…) e, especialmente, quando tomamos uma posição de trajectória temos a sensação de que estamos a voar”.
Mas como se trata de uma experiência “muito curta e apenas numa direcção (o solo!), a ideia era manter essa sensação de liberdade, mudar o vector e aumentar o tempo”, referiu Yves Rossy. A verdade é que conseguiu. De maneira tal que, hoje em dia, também o designam de “Fusion Man”, pela forma como se funde com a sua asa e, ali no ar, é apenas ele no elemento a conviver com a natureza.
Canal da Mancha, Grand Canyon...
Ele é a fuselagem e é o seu corpo que controla todos os movimentos que faz no céu. Para onde quer que Rossy se quiser direccionar, só tem de inclinar a cabeça, cuidadosamente, para o lado correspondente. Tendo em conta que leva 55 quilos às costas, divididos pela asa de dois metros de largura, de fibra de carbono e fibra de vidro, pelas quatro turbinas de jacto alimentadas a querosene e pelos pára-quedas (para ele e para a asa), haja reconhecimento pelo feito.
Tudo isto conjugado permite-lhe atingir uma velocidade máxima de 300 quilómetros por hora, e voar durante cerca de 13 minutos, o suficiente para atravessar, por exemplo, os 35 quilómetros do Canal da Mancha. Algo que o Jetman fez em 2008. Desde então, não parou: Alpes Suíços, Estreito de Gibraltar, Grand Canyon... O próximo destino é para o infinito e mais além.