Jovens farmacêuticos procuram reconhecimento além-fronteiras
João do Ó é um caso muito específico do recrutamento de Inglaterra em Portugal. Marta Geraldes, ao abrigo de um estágio Inov Contacto, decidiu ficar no Brasil a trabalhar
Depois de estagiar numa farmácia comunitária na Amadora onde foi, posteriormente, convidado a trabalhar, João do Ó deixou Portugal e partiu para Nottingham, à procura de um futuro melhor.
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Depois de estagiar numa farmácia comunitária na Amadora onde foi, posteriormente, convidado a trabalhar, João do Ó deixou Portugal e partiu para Nottingham, à procura de um futuro melhor.
Com uma experiência no estrangeiro pelo Students Exchange Program, promovido pela Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF), que o encaminhou, durante um mês, para uma farmácia comunitária em Freiburg, na Alemanha, João Madeira do Ó, com 25 anos, decidiu fixar-se além-fronteiras e juntou ao currículo um novo país: Inglaterra.
João é um dos exemplos do recrutamento de profissionais do sector da saúde por parte do Reino Unido, tal como Filipa, enfermeira portuguesa em Northampton. Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, João viu em Inglaterra uma possibilidade de crescer profissionalmente, para além de que, ressalva, “a componente salarial também pesou bastante na escolha de emigrar.”
Emigrar para chegar mais longe
Questionado sobre o reconhecimento da profissão, João do Ó é muito claro: “Em Portugal os utentes vêem muito o farmacêutico comunitário como um mero dispensador de medicamentos enquanto aqui é reconhecido, tanto pelos utentes como especialmente pela classe médica.”
Enuncia como principais inconvenientes as condições meteorológicas, os métodos de trabalho e o facto de estar longe da família e amigos: “É difícil sair de um país que tem sol praticamente o ano todo e chegar a um país em que está constantemente muito frio e, nesta altura, às 16h30 já é de noite. Por outro lado, a nível profissional, foi difícil adaptar-me aos métodos de trabalho de uma farmácia inglesa, pois o sistema é totalmente diferente. E desagrada-me estar longe de amigos, da família e das pessoas que gosto.”
Um conselho? Ser-se pró-activo. Tentar complementar o percurso académico com actividades extra-curriculares que permitam aprender sempre mais. Também deixa uma sugestão: o site net-empregos, plataforma onde se encontra registado. Para já, prevê continuar por lá a trabalhar e estudar e voltar, sim, mas só daqui a uns anos.
Ser farmacêutica no Rio de Janeiro
À semelhança de João, Marta Geraldes também não encontrava, em Portugal, um emprego "à altura" da sua especialização, "com um salário adequado", para além de que a isso se aliava a vontade de experimentar morar num país diferente.
Depois de um Erasmus em Madrid e de um estágio de Verão em Kaunas (Lituânia), Marta candidatou-se a um estágio Inov Contacto para o Rio de Janeiro, onde vive desde Janeiro de 2010. Sempre quis trabalhar na área da indústria farmacêutica e Portugal não lhe oferecia as condições que julga merecer.
No Brasil, Marta diz conseguir ter uma boa qualidade de vida. Ao contrário de Portugal, onde "não se cansam de falar da crise", no Brasil são festivos e gostam de receber, afirma Marta, ainda que a desorganização do país e as desigualdades sociais, com elevados níveis de pobreza, sejam alguns factores que lhe desagradam.
Para conseguir emprego, Marta dá um conselho: nada como ir e tentar. O contacto directo é fulcral: "enviar currículos de Portugal e esperar resposta pode ser ingrato."
Marta espera um dia regressar a Portugal, quando o mercado tiver capacidade para oferecer a emprego a profissionais especializados mas, para já, não: "este paradigma entre o querer voltar e não encontrar nada à altura é desmotivante, prefiro esperar mais algum tempo e ir vivendo esta aventura, ao ritmo do samba."