Multidão cantou o hino nacional à chegada dos náufragos às Caxinas

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Câmara de Vila do Conde fretou autocarro para ir buscar pescadores a Leiria Foto: Fernando Veludo/nFactos

Ouviram-se muitos aplausos e cantou-se o hino nacional à chegada do autocarro da Câmara de Vila do Conde, que transportou desde o Hospital de Leiria, três dos seis tripulantes do barco “Virgem do Sameiro” que naufragou às 2h de quarta-feira. Em Leiria permanece ainda internado um dos pescadores resgatados por um helicóptero da Força Aérea. Mas este sábado já deverá ser transferido para o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, uma vez que o seu estado de saúde não inspira cuidados de maior.

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Ouviram-se muitos aplausos e cantou-se o hino nacional à chegada do autocarro da Câmara de Vila do Conde, que transportou desde o Hospital de Leiria, três dos seis tripulantes do barco “Virgem do Sameiro” que naufragou às 2h de quarta-feira. Em Leiria permanece ainda internado um dos pescadores resgatados por um helicóptero da Força Aérea. Mas este sábado já deverá ser transferido para o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, uma vez que o seu estado de saúde não inspira cuidados de maior.

O mestre e dono da embarcação, José Manuel Coentrão, viajou numa carrinha e chegou mais cedo às Caxinas. Refugiou-se rapidamente em casa da sogra e, visivelmente comovido, optou por não prestar declarações aos jornalistas. Os pescadores que viajaram no autocarro foram, à chegada, engolidos por uma mole humana ávida de distribuir abraços e simpatia, apesar do aspecto combalido dos visados que os levou a tecer poucos comentários. Houve choros, mas sobretudo momentos de alegria esfusiante que surpreendeu e emocionou os pescadores.

O presidente da Câmara de Vila do Conde, Mário Almeida, que apareceu no interior do autocarro, disse que não ficou surpreendido com a recepção entusiasta do povo das Caxinas, “solidário por natureza”. “Muitos dos que vieram têm familiares que andam no mar. É um momento inédito. Foi algo incrível”, comentou.

“Na conversa que tive com o mestre, fiquei impressionado. Como é que se aguentam 60 horas com a roupa molhada. Quando algum tinha necessidades fisiológicas, tinha de ser agarrado por outros para não cair ao mar e para combater o frio agarravam-se uns aos outros”, contou.

O autarca soube que a tripulação tinha consciência de que chegara ao “momento de desespero absoluto e que não aguentava mais uma noite” perdida no mar. Sobre o que se terá passado, o mestre disse a Mário Almeida que o barco começou a meter água sem razão aparente, numa altura em que a tripulação se preparava para dormir. “Em boa hora pegou num edredão que foi muito útil”, sublinhou Mário Almeida que já sabe da intenção dos pescadores deregressarem à faina logo que possam.