Extinção do 1.º de Dezembro desvaloriza dia que mais devia unir os portugueses, diz Duarte Pio
“A soberania de Portugal está gravemente ameaçada”, disse Duarte Pio no discurso comemorativo da Restauração da Independência, proferido em Lisboa, defendendo que o país atravessa “uma das maiores crises da sua longa vida”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“A soberania de Portugal está gravemente ameaçada”, disse Duarte Pio no discurso comemorativo da Restauração da Independência, proferido em Lisboa, defendendo que o país atravessa “uma das maiores crises da sua longa vida”.
Para o herdeiro da casa real, a actual crise constitui um risco para a soberania já que a história mostra que “sempre que o país ficou enfraquecido, aumentou a vulnerabilidade à perda da sua independência”.
Independência que, para Duarte Pio, está a ser desvalorizada “por alguns”, face “à ameaça de extinção do feriado evocativo do dia que mais devia unir os portugueses”.
O feriado de 1.º de Dezembro, que assinala a restauração da independência de Portugal face a Espanha em 1640, é um dos quatro que o Governo pretende extinguir como forma de aumentar a produtividade do país.
“A actual e humilhante dependência de Portugal dos credores internacionais é comparável à que resultou da crise financeira de 1890-1892”, que “levou ao fim do regime da monarquia democrática”, disse.
Em sua opinião “é urgente” criar um debate nacional para analisar os modelos económico e político “que estiveram na origem do depauperamento do Estado”, até porque “é notório que os portugueses não se revêem no modelo de representatividade política em vigor”.
“Porque não considerar outras formas de representação popular complementares, através de outro tipo de representantes mais directamente relacionadas com a população, por exemplo, oriundos dos municípios, modelo este com raízes mais profundas nas tradições históricas e culturais de Portugal”, questionou.
Além disso, adiantou, deve-se incentivar a auto-suficiência económica, apostando nas actividades agrícolas e do mar.
Duarte Pio defendeu ainda a necessidade estratégica de aprofundar as relações com os países lusófonos, propondo a criação de um espaço económico comum aos países da CPLP que possa evoluir para uma confederação.
Criticando o “estilo de vida artificialmente cultivado nas últimas décadas”, Duarte Pio afirmou ser necessária “uma rigorosa responsabilização moral”, que julga dever começar com o esclarecimento pelos governantes sobre “o concreto destino dos avultados financiamentos resultantes dos compromissos assumidos pelo Estado ao abrigo do programa de assistência económica e financeira”.
Ainda assim, Duarte Pio garantiu confiar na “força anímica do povo”, em especial da juventude, para “restaurar Portugal”.
“Acredito que os nossos governantes tirem conclusões dos erros passados e que tenham a inteligência e vontade de corrigir o que ainda for possível emendar, colocando Portugal acima dos interesses partidários”, concluiu.