Filha de Estaline morreu na miséria aos 85 anos nos EUA
Lana Peters – nascida Svetlana Stalina – teve uma vida difícil e errática. Casou-se três vezes e renunciou ao regime comunista russo que o seu pai ajudou a erguer. Descreveu a figura do pai como “um monstro moral e espiritual” depois de a CIA a ter ajudado a fugir da União Soviética, em 1967. O incidente cobriu Moscovo de vergonha.
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Lana Peters – nascida Svetlana Stalina – teve uma vida difícil e errática. Casou-se três vezes e renunciou ao regime comunista russo que o seu pai ajudou a erguer. Descreveu a figura do pai como “um monstro moral e espiritual” depois de a CIA a ter ajudado a fugir da União Soviética, em 1967. O incidente cobriu Moscovo de vergonha.
“Venho para os EUA em busca da liberdade de expressão que durante tanto tempo me foi negada na Rússia”, disse Svetlana antes de assentar arraiais em Nova Jérsia, na década de 1960. Anos depois regressaria à Rússia e, posteriormente, de novo aos EUA. Svetlana viveu assim: dividida e apátrida.
Svetlana era a única filha de Estaline. A sua mãe chamava-se Nadezhda Alliluyeva e foi a segunda mulher do líder comunista. Matou-se em 1932. Svetlana terminou os estudos superiores em 1949 e trabalhou como professora e tradutora antes de abandonar a União Soviética.
Casou-se pela primeira vez aos 18 anos com um estudante judeu chamado Aleksei Kapler, desobedecendo abertamente às ordens do pai. O casal teve um filho mas o casamento dissolveu-se e Kapler foi enviado para um campo de trabalho na Sibéria.
O seu segundo marido chamava-se Yuri Zhadanov, com quem teve uma filha, mas o casamento foi dissolvido depois de Svetlana conhecer o seu terceiro companheiro, Brijesh Singh, um comunista indiano, em 1964.
Depois da morte de Singh, em 1966, Svetlana decidiu pedir asilo político à embaixada dos EUA em Nova Deli. O Presidente Lyndon B. Johnson concedeu-lho. Os serviços secretos russos terão tentado assassiná-la depois desta ida para os EUA mas o plano acabou por não se concretizar, escreveu o “The Washington Post” em 1992.
Em Abril de 1967 Svetlana chegou a Nova Iorque. Nos anos seguintes publicou duas auto-biografias em que renegava o seu pai, a URSS e o comunismo.
Foi nos EUA que Svetlana conheceu o seu quarto companheiro, com quem se casou: William Wesley Peters, discípulo do arquitecto Frank Lloyd Wright. Juntos mudaram-se para o deserto do Arizona e tiveram uma filha, Olga. A união acabou novamente em divórcio, em 1973.
Em 1978 Svetlana tornou-se oficialmente norte-americana e mudou o seu nome para Lana Peters. Pouco depois mudou-se para o Reino Unido, onde viveu dois anos, e em 1984 regressou à União Soviética, para se reencontrar com os seus dois filhos (dos seus dois primeiros casamentos) que tinham ficado a viver naquele país. Durante esse período recuperou o seu passaporte russo - depois de o ter queimado publicamente à chegada aos EUA - e argumentou ter sido um brinquedo nas mãos da CIA, mas acabou por não encontrar o reconhecimento que esperava. Mudou-se para a Georgia e de novo para os EUA ainda na década de 1980.
Numa entrevista publicada no ano passado pelo “Wisconsin State Journal” Svetlana confessou estar “feliz” por viver nos EUA, mas assumiu o peso da sua herança simbólica: “Aqui, na Suíça, na Índia ou onde quer que seja (...) serei sempre uma prisioneira política do nome do meu pai”.
Notícia actualizada às 13h20, com informações rectificadas sobre o terceiro companheiro de Svetlana