Cortes levam universidades a apostar em donativos de alunos

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Os antigos alunos são os alvos preferenciais das instituições Foto: Nuno Ferreira Santos

A Universidade do Porto (UP) será a primeira a criar um gabinete de angariação de fundos, no início do próximo ano. Em projectos mais específicos, há outras instituições nacionais a enveredar pelo mesmo caminho.

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A Universidade do Porto (UP) será a primeira a criar um gabinete de angariação de fundos, no início do próximo ano. Em projectos mais específicos, há outras instituições nacionais a enveredar pelo mesmo caminho.

A instituição em que esta modalidade de financiamento alternativo ganha principal expressão é a UP, que está a ultimar a criação de um gabinete de angariação de fundos. O objectivo é "profissionalizar" o contacto com os potenciais interessados, especialmente os antigos alunos, estreitando a relação com estes e tentando explorar o sentimento de "gratidão" com a universidade em que se formaram. A UP vai criar, em Janeiro, uma estrutura dependente da reitoria dedicada apenas a esta função. O modelo de funcionamento estará definido até ao final do próximo mês e, em breve, duas ou três pessoas vão começar os contactos com os antigos estudantes.

A criação deste gabinete de angariação de fundos surge na sequência de uma primeira experiência bem-sucedida na instituição. No início do ano, a universidade desafiou a comunidade académica a contribuir para o financiamento das comemorações do seu centenário. "Os resultados foram muito interessantes", salienta Raul Santos, coordenador do projecto. Mais de 600 pessoas responderam ao apelo com uma média das contribuições de 100 euros. Ao todo, foram angariados cerca de 50 mil euros.

O financiamento das universidades através de donativos de ex-alunos é prática corrente nos países anglo-saxónicos. Só nos EUA, estima-se que estas receitas representem anualmente mais 20 mil milhões de euros nos cofres das universidades. E as instituições portuguesas começam agora a olhar para esta fonte de receitas como alternativa aos cerca de 600 milhões de euros a menos que vão receber do Orçamento do Estado.

No ano passado, quando foi preciso reabilitar a torre da Universidade de Coimbra, a instituição pediu ajuda aos antigos estudantes. Recebeu cerca de 10% dos 300 mil euros que custaram as obras de donativos de particulares - os restantes foram pagos por uma instituição bancária.

Este mês, foi a vez de o Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) da Universidade Nova de Lisboa lançar um apelo a professores, funcionários e alunos, para doações destinadas à renovação do sistema de controlo térmico do edifício. O presidente do ITQB, Luís Paulo Rebelo, garante que as verbas "serão usadas unicamente" na renovação do equipamento, orçado em 200 mil euros. O processo ainda está em curso, mas fonte da instituição avança que está a ter "resultados interessantes".

Também o ISCTE "tem vindo a desenvolver uma série de acções junto da comunidade" que têm servido como fontes alternativas de financiamento, avança fonte da instituição, para quem esta é uma aposta "estratégica" face às dificuldades. Na Universidade de Aveiro os apoios concedidos por alunos "não têm ainda expressão", informa a reitoria, que se diz, contudo, "empenhada em reforçar os contactos" com os seus mais de 35 mil antigos alunos. A mesma posição é assumida pelo Politécnico de Tomar: "Pretendemos mobilizar os antigos alunos para depois de terem tido sucesso retornarem alguns dos ganhos. Com isso, estão a contribuir para que outros o possam vir a ter no futuro".

Foi também neste sentido que a Universidade de Lisboa lançou um alerta aos ex-estudantes para que "apadrinhassem" os actuais alunos da instituição com um programa de donativos. A ideia foi bem acolhida pela Associação dos Antigos Alunos, que já garantiu que vai desenvolver um programa de captação de donativos entre os seus associados.