Portugal: sair com a ideia de regressar
Tem um emprego na Suíça e boas perspectivas de futuro. Mas se tivesse uma proposta em Portugal não pensava duas vezes: "Regressava hoje", garante Liliana Duarte
Quando Liliana Duarte saiu de Portugal, em 2005, ainda não se falava de crise. Nesse cenário de um país sereno, trocou um lugar certo na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto por um doutoramento em Zurique, na Suíça. Chamaram-lhe louca, mas ela arriscou.
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Quando Liliana Duarte saiu de Portugal, em 2005, ainda não se falava de crise. Nesse cenário de um país sereno, trocou um lugar certo na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto por um doutoramento em Zurique, na Suíça. Chamaram-lhe louca, mas ela arriscou.
Não saiu por estar desanimada com o país, mas para “crescer profissionalmente” e fazer investigação numa das mais importantes universidades da Suíça, o Instituto Federal de Tecnologia (ETH).
Passaram seis anos. Liliana juntou ao doutoramento um projecto de investigação financiado. Teve um filho, construiu vida na Suíça. Mas não é lá que quer ficar: “Quando vim para cá foi sempre com a ideia de regressar”, disse ao P3 a jovem de 34 anos, numa conversa a partir de Zurique.
Visto da Suíça, Portugal é um país com uma margem de progressão gigante. Liliana Duarte acompanha a situação actual com tristeza – “Porque gostava de ver o nosso país dar a volta”. E, ainda que saiba da ausência de perspectivas, regressar é uma ideia que não lhe sai da cabeça.
Missão: ajudar o país
O marido é mais pessimista em relação à situação do país, mas a vontade de regressar é comum. “Se tivesse uma oportunidade, regressava hoje”, diz. Isto apesar dos cinco mil euros mensais que aufere pelo projecto de investigação que está a desenvolver. Isto pensando nas saudades da família e do convívio entre as pessoas e numa coisa muito importante: “Temos muita vontade de tentar contribuir para que o nosso país saia da crise”.
Liliana não duvida das vantagens de sair temporariamente de Portugal – “Vemos outras maneiras de trabalhar e criamos uma rede de contactos”. E não apenas pelo enriquecimento pessoal: a rede criada fora do país pode significar trabalhos futuros criados dentro do país.
O projecto financiado em que a jovem portuense está a trabalhar chega ao fim no final do ano. Uma proposta (apalavrada) de trabalho no Instituto Federal de Tecnologia deve adiar, para já, o regresso a Portugal. Mas não para sempre. Palavra de alguém consciente do que o país lhe pode oferecer: “Estou consciente de que nunca terei um salário semelhante ao que tenho cá”.