A surpresa da greve veio do Ensino Superior

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Escola básica Nuno Gonçalves, em Lisboa, fechou por falta de funcionários Enric Vives-Rubio

Na escola secundária Gil Vicente a enchente do primeiro tempo já desapareceu. No portão há um cartaz a avisar que, pelo menos de manhã, não haverá aulas. “Contínuo, há aulas à tarde?”, perguntam dois alunos. Só saberão horas mais tarde.
O toque para o segundo tempo já foi há minutos. O tempo necessários para uma turma do 9º ano da escola secundária Rainha D. Leonor confirmar que não terá a próxima aula. O professor fez greve. Alunos de outras turmas também começam a abandonar a escola. Os funcionários compareceram em peso e, informa uma auxiliar, também as aulas estão a funcionar quase a 100%.

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Na escola secundária Gil Vicente a enchente do primeiro tempo já desapareceu. No portão há um cartaz a avisar que, pelo menos de manhã, não haverá aulas. “Contínuo, há aulas à tarde?”, perguntam dois alunos. Só saberão horas mais tarde.
O toque para o segundo tempo já foi há minutos. O tempo necessários para uma turma do 9º ano da escola secundária Rainha D. Leonor confirmar que não terá a próxima aula. O professor fez greve. Alunos de outras turmas também começam a abandonar a escola. Os funcionários compareceram em peso e, informa uma auxiliar, também as aulas estão a funcionar quase a 100%.

Os alunos voltarão mais tarde para saber se terão ou não a próxima aula. Em dias de greve este é um corrupio habitual nas escolas do ensino básico e secundário e tem uma razão: mesmo nestas ocasiões a maioria continua a marcar faltas aos alunos.

Outra constante. Hoje, como noutras greves anteriores, só encerraram as escolas que contaram com uma forte adesão do pessoal não docente à paralisação. São eles que têm as chaves das salas, pavilhões e portaria, garantem a segurança das instalações e os serviços das cantinas e bares. Os professores não pesam nesta decisão.

Segundo a Federação Nacional de Professores, o número de escolas e agrupamentos encerrados foi “muito elevado”. Existem cerca de 1000. A meio da tarde, a Frente Nacional da Educação tinha uma lista de cerca de 170 nesta situação. A Fenprof indicou que a adesão dos professores à greve se situa entre 60 e 85%. O destaque de ambas vai para a adesão do ensino superior à greve. Referem fortes impactos em 12 faculdades e universidades. É a novidade do dia.

A adesão à greve no ensino superior foi a surpresa da greve no sector da educação e esteve em destaque no balanço das federações de sindicatos de professores. A Federação Nacional de Professores registou "fortes adesões de professores" em 12 faculdades e Universidades. Entre elas figuram o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, o Instituto Superior Técnico, e as faculdades de Letras, Arquitectura, Ciências da Educação e Psicologia da Universidade do Porto. "O ensino superior fez a maior greve de sempre", afirmou.

À porta da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, um aluno toca clarinete. Outros acompanham com batuques. Ontem decidiram, em reunião, formar um piquete de greve em solidariedade com os professores. Não são da Associação de Estudantes. “Lá dentro não está praticamente ninguém. Tem sido um piquete fácil porque a maioria nem chegou a vir”, diz Luís Baptista, do curso de Ciências Políticas. “Para os professores com falsos recibos verdes está a ser cada vez mais complicado aderir. Mas nós podemos ajudá-los a fazer greve”, justifica Rafael Rostom, de Sociologia.

Esta foi uma das razões que os levaram a ocupar a porta principal da faculdade. O piquete dos professores está a poucos metros de distância, no acesso à garagem. Mas há mais: “Os nossos pais estão a ficar sem poder de compra para pagar as propinas. São quase mil euros. E agora vão cortar-nos o passe escolar. Continuar a estudar está a ser cada vez mais difícil”.

Por cima do portão da faculdade vai aumentando o número de cartazes improvisados em pedaços de cartão. Num lê-se: “3.ª propina mais cara da Europa!!! Greve geral”.