Há 2337 médicos que devem ser transferidos para zonas carenciadas
Primeiro, vamos aos médicos: dos cerca de 19 mil que trabalham nos hospitais do SNS, há 2337 que podem e devem ser transferidos para as regiões onde fazem mais falta, levando em conta a média do Alentejo, que apresenta o rácio habitante/médico mais baixo. Já se se atentar na capitação média a nível nacional (604 habitantes por cada médico), o número de clínicos a redistribuir, usando os mecanismos da mobilidade e incentivos, descerá para 1 245.
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Primeiro, vamos aos médicos: dos cerca de 19 mil que trabalham nos hospitais do SNS, há 2337 que podem e devem ser transferidos para as regiões onde fazem mais falta, levando em conta a média do Alentejo, que apresenta o rácio habitante/médico mais baixo. Já se se atentar na capitação média a nível nacional (604 habitantes por cada médico), o número de clínicos a redistribuir, usando os mecanismos da mobilidade e incentivos, descerá para 1 245.
O certo é que, sem entrar na polémica e dizer, preto no branco, que há médicos a mais nos hospitais - como fez esta semana o ministro da Saúde, desencadeando grande controvérsia -, o grupo técnico deixa claro que a distribuição de clínicos a nível nacional é tudo menos homogénea. Basta ver que oscila entre os 750 habitantes por médico no Alentejo e os 494 na região Centro. Trocando por miúdos: há médicos que estarão a mais nalguns hospitais. Esta conclusão justificará, aliás, uma das propostas avançadas pelo grupo que se adivinha mais polémica - pôr médicos dos hospitais a dar consultas da sua especialidade nos centros de saúde.
Relativamente ao número de camas, das 23.085 existentes, seriam dispensáveis 1453, tendo em conta a média nacional (436 habitantes por cama). E 64 dos 532 blocos operatórios serão igualmente redundantes, seguindo, de novo, a média nacional.
Os índices de "produtividade" e de custo médio do doente-padrão também revelam grandes disparidades a nível regional. A região Norte destaca-se. De acordo com os cálculos efectuados, se todos os hospitais conseguissem chegar aos melhores índices de custo por doente (4022 no Norte, contra 5306 na região de Lisboa e Vale do Tejo e 6458 no Alentejo), seria possível poupar 1,294 milhões de euros. Quanto à poupança potencial que resultaria transposição de todos para o nível da região mais eficiente (de novo o Norte), esta oscila entre os 765 e os 787 milhões de euros.
Os números são claros: em 2010, para uma percentagem da população quase igual à servida pela Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo (cerca de 3,6 milhões de habitantes cada), os hospitais do Norte gastaram 1,858 milhões de euros, contra 2,321 milhões de euros. Ou seja: menos 463 milhões de euros. O que corresponde, em custos por habitante (capitação real), a 508 euros no Norte contra 631 em Lisboa e Vale do Tejo (LVT) e 670, no Alentejo. Já a capitação ajustada, que leva em conta o índice de envelhecimento, entre outros critérios, aponta para um custo por habitante de 529 euros, no Norte, e de 619, em Lisboa e Vale do Tejo. Os custos mais elevados encontram-se no Alentejo e no Centro.