"Supercrise": o jogo em que Portugal leva uma tareia da Suíça
É um jogo criado por brasileiros em que o que conta é a economia: do Produto Interno Bruto à taxa de inflação
Costuma-se dizer que rir é o melhor remédio. Pois bem, parece que até para a crise económica esse pregão é válido, já que o jornal brasileiro “O Estado de S. Paulo” lembrou-se de criar um jogo online, gratuito, sobre o flagelo monetário que assola (praticamente) todo o globo.
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Costuma-se dizer que rir é o melhor remédio. Pois bem, parece que até para a crise económica esse pregão é válido, já que o jornal brasileiro “O Estado de S. Paulo” lembrou-se de criar um jogo online, gratuito, sobre o flagelo monetário que assola (praticamente) todo o globo.
A designação de “Supercrise da Economia Mundial” não poderia assentar melhor ao passatempo do “Estadão”. Habituados a serem vistos como um povo alegre e bem-disposto, os brasileiros inventaram um dos poucos jogos em que Portugal leva uma tareia da Suíça. Importa referir que quem diz Suíça, diz Bélgica, Polónia ou Índia.
A explicação é simples: teoricamente, vencíamos todos estes países em alguns desafios, principalmente no jogo mais valorizado pela população nacional, o futebol. Porém, quando se trata de um jogo em que os principais trunfos são o Produto Interno Bruto, o "rating" e as taxas de inflação, desemprego e juro real, aí, Portugal está quase condenado ao fracasso.
As regras do "Supercrise"
Existem dois modos de jogo possíveis: “Contra o Mundo” e “Contra o Tempo”. No primeiro, são-nos atribuídas 15 cartas, o mesmo número que as do nosso adversário, o computador. O objectivo consiste em ganhar todas as cartas do oponente (e não perder as nossas), até completarmos as 30 possíveis. Mas, para isso, é necessário fazer apostas.
Quando o jogo começa, é-nos atribuído, de forma aleatória, um país com a descrição dos seus factores económicos (acima mencionados); do lado do computador, não vemos nenhuma nação, porque é a nós que cabe apostar na característica mais positiva do nosso país, na esperança de que seja suficiente para superar a correspondente do “país-surpresa” adversário.
No modo de jogo “Contra o Tempo”, o computador começa com mais cartas do que nós e é também ele que faz a primeira aposta. A partir do início do jogo, uma contagem decrescente de 90 segundos começa a contar e cabe-nos esperar por uma aposta falhada do adversário, para tentarmos acertar e coleccionar cartas, a fim de que terminemos com mais do que as do computador.
Portugal não é uma boa mão
Apesar de alguns dados não estarem rigorosamente actualizados, não destoam muito da realidade, já que o jogo foi elaborado com recurso a fontes como o FMI e a Standard & Poor’s (S&P). E se Portugal não é uma das cartas mais famosas no “Supercrise”, pior seria se a Moody’s tivesse sido uma das fontes consultadas. Com a S&P, Portugal não é considerado lixo, mas anda lá perto, com um “rating” de BBB-.
Pelo menos, com esse critério, ainda conseguimos vencer alguns países, como é o caso da Grécia (CC), mas não se pense que derrotamos os gregos em tudo: temos mais um ponto percentual de inflação do que eles (3,4% / 3,3%) e um juro real mais elevado (1,5% / -0,9%). Contudo, nada supera a adrenalina de apostar no desemprego da Argentina (7%) e vencer à Dinamarca por dois pontos percentuais (7,2%).