Dean Wareham: "Não é suposto as bandas durarem para sempre"

Esta noite, Dean Wareham recupera os Galaxie 500 no Clubbing. Está prometida uma "perninha" com Laetitia Sadier. O futuro passa pelo lançamento de um álbum a solo

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Vinte anos depois, Dean Wareham decidiu recuperar em palco as canções dos Galaxie 500. Hoje, 19 de Novembro, na Casa da Música, actua ao lado da esposa, Britta Phillips. Prefere-o assim, não podia regressar à formação original. "Conseguirias voltar para o namorado dos teus 17 anos?", questiona.

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Vinte anos depois, Dean Wareham decidiu recuperar em palco as canções dos Galaxie 500. Hoje, 19 de Novembro, na Casa da Música, actua ao lado da esposa, Britta Phillips. Prefere-o assim, não podia regressar à formação original. "Conseguirias voltar para o namorado dos teus 17 anos?", questiona.

Dean vem pela terceira vez a Portugal (em 2009 apresentou, no Festival de Curtas de Vila do Conde, o filme-concerto "13 Most Beautiful... Songs For Andy Warhol"), mas desta vez personifica o seu passado. Os Galaxie 500 duraram apenas quatro anos, mas conseguiram trilhar caminho para a "dream pop" de bandas como os Low, Mazzy Star e Beach House. Foi um fim apoteótico que tinha de acontecer. A reedição dos três álbuns no ano passado só provou que não é a duração das bandas que faz história.

Antes do apanhar o voo para Portugal, Dean esteve à conversa com o P3. O telefonema, feito a partir do Skype, mereceu um comentário: "A maldição do mundo moderno".

O que é que se pode esperar do concerto desta noite? 

Só canções dos Galaxie 500. Somos um trio: eu, a minha mulher, Britta Phillips, e um jovem chamado Anthony. Acho que a Laetitia Sadier [que também actua esta noite] deve cantar uma canção connosco, a "Bonnie and Clyde". Ela gravou-a com os Luna. Esse é o plano, pelo menos. É tudo o que posso dizer.

Depois dos Galaxie 500, vieram os Luna e o duo com Britta. Como é voltar a canções que têm 20 anos?

As primeiras vezes foram melancólicas. Havia um formigueiro. Foi difícil, tive de aprender a cantar como costumava cantar, mais alto e mais agudo, mas também foi engraçado descobrir que ainda conseguia cantar assim. Agora já estou mais habituado.

Decidiu recuperar o projecto com Britta e não com a formação original da banda. Porquê?

As pessoas dizem-me que eu devia estar a fazer isto com os membros originais. É fácil dizer isso. Eu é que estaria numa carrinha a viajar pelo mundo com eles... Prefiro fazê-lo com pessoas que gostem de mim do que voltar a uma situação estranha. Será que conseguirias voltar para o namorado dos teus 17 anos? Até poderia ser giro por uma noite, mas na altura a relação acabou porque algo não estava bem.

Foi por isso que os Galaxie 500 terminaram? Tiveram uma carreira muito curta...

Algumas bandas duram para sempre, continuam a repetir-se a si mesmas. Para quê? Não foi por causa da música que terminámos, foram motivos pessoais. Uma banda é um conjunto de relações que implodem e nós éramos um trio e o Damon e a Naomi eram um casal. Qualquer psicólogo diria que isso seria um problema... Quando íamos a votos, eu sentia que eles já tinham decidido. Eles levaram-me à loucura e a culpa não é deles. Tenho a certeza que eu também os levei à loucura. Teria sido melhor se fôssemos quatro pessoas. De qualquer modo, foi há muito, muito tempo. Não é suposto as bandas durarem para sempre.

Como surgiu esta vontade de regressar às canções dos Galaxie 500?

A primeira vez que o fiz foi num festival pequeno, em Espanha. Pediram-me para tocar duas noites - uma com a Britta, outra só a tocar canções dos Galaxie 500. Eu gostei do promotor e aceitei. Soou bem. Voltei a casa, os discos tinham sido reeditados e pensei que deveria fazer mais alguns concertos. É um "momentum", não quero que dure para sempre. Não é que nunca mais vá tocar estas canções, mas não vou voltar a fazer outra digressão.

Depois desta digressão, o que se segue?

É tempo de voltar a escrever. Vou fazer um álbum a solo.

Os Galaxie 500 terminaram em 1991. Como é que as pessoas têm recebido estas músicas hoje? Há jovens a assistir aos concertos?

Sim, temos tido uma audiência jovem até. Tem sido uma coisa interessante nestes concertos. Às vezes os bilhetes são caros, mas olho em frente e metade da assistência está na casa dos 20. Estivemos na Austrália e os bilhetes eram realmente caros. Até fiquei um bocado chateado porque isso significava que só pessoas com dinheiro podiam vir e não os jovens. Geralmente, quando fazemos uma digressão na Europa e nos Estados Unidos a audiência é realmente jovem. Além disso, os álbuns saíram outra vez o ano passado e captaram bastante atenção.