Clubbing: noite indie com Gestalt do avesso
Lee Ranaldo (Sonic Youth), Dean Wareham (Galaxie 500) e Laetitia Sadier (Stereolab) são as estrelas da noite, em que a soma das partes deve ser mais importante que o todo. Já explicamos
Tínhamos saudades de um Clubbing Optimus assim. É, provavelmente, um dos melhores do ano, embora o próximo também não fique aquém (Fala-se até de um Clubbing depois do Clubbing). Hoje, 19 de Novembro, a Casa da Música recebe Lee Ranaldo, Dean Wareham e Laetitia Sadier, autênticos bastiões indie, membros de Sonic Youth, Galaxie 500 e Stereolab, respectivamente.
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Tínhamos saudades de um Clubbing Optimus assim. É, provavelmente, um dos melhores do ano, embora o próximo também não fique aquém (Fala-se até de um Clubbing depois do Clubbing). Hoje, 19 de Novembro, a Casa da Música recebe Lee Ranaldo, Dean Wareham e Laetitia Sadier, autênticos bastiões indie, membros de Sonic Youth, Galaxie 500 e Stereolab, respectivamente.
É um Clubbing Optimus que inverte a teoria da Gestalt. Aqui, a soma das partes é para ser mais importante que o todo. Ou seja, o facto de Ranaldo, Wareham e Sadier virem ao Porto a solo, e não com os respectivos grupos, não deve desvalorizar o que cada um destes nomes simboliza e o que significa poder vê-los numa só noite, numa só sala.
Conhecido principalmente por pertencer aos Sonic Youth, desde 1987 que Lee Ranaldo tem vindo a publicar álbuns a solo, entre os quais se encontra “Amarillo Ramp”, disco de homenagem a um dos expoentes máximos de “land art”, Robert Smithson. Apresenta no Clubbing o nono álbum, o primeiro com a histórica chancela Matador Records, que sai em 2012 e conta com as colaborações de Nels Clein (Wilco), Steve Shelley (Sonic Youth), Bob Bert (ex-Sonic Youth), John Medeski (compositor de jazz) e Alan Licht. Um concerto que ganha um travo maior de melancolismo com o fim de um dos casais do século.
Vinte anos depois do penoso fim dos Galaxie 500, Dean Wareham decidiu ir ao baú e ressuscitar em palco, acompanhado pela mulher, Britta Phillips, as canções que fizeram sonhar uma geração. Em quatro anos, lançaram três álbuns, um deles foi “On Fire” (1989), editado pela Rough Trade, disco aclamado pelas revistas especializadas, ícone do post-punk, uma referência, ainda hoje, do indie rock. "Não é suposto as bandas duraram para sempre", diz Dean, em entrevista ao P3. Ainda assim, foram eles que abriram caminho para bandas como os Low, Mazzy Star e Beach House, ao construírem uma travessia melódica (e melancólica) entre dream pop, shoegazing e o slowcore. Um aparte: parece que Dean e Brita adiaram uma residência artística em Harvard para darem este concerto.
Os Stereolab estão em hiato desde 2009. É uma pena, mas Laetitia Sadier, épica vocalista do grupo franco-britânico, nunca conseguiu estar parada. Afinal, nasceu em França em pleno Maio de 68. No passado, fundou os Monade, colaborou com os Mouse on Mars e com Atlas Sound. Em 2010 editou, a solo, “The Trip”, ábum dedicado à sua irmã que cometera suicídio meses antes. A crítica aplaude, Sadier continua.
"Outros sons e novos nomes" desde 2007
O primeiro Clubbing realizou-se em Janeiro de 2007 com uma noite dedicada a artistas espanhóis. Quase cinco anos depois, foram muitos os espectáculos e as imagens que passaram pela Casa da Música. José Almeida, “um dos muitos fãs n.º 1" do evento, destaca o “verdadeiro Clubbing” de Róisín Murphy e os momentos “muito fortes” proporcionados por Einstürzende Neubaten.
O engenheiro ambiental não vai faltar a esta edição, da qual o P3 é media partner. Não vai assistir a nenhum concerto em especial, mas quer “conhecer outro sons e novos nomes”. O Clubbing Optimus promete não desiludir. Na sala 2 actua Mount Eerie, projecto do norte-americano Phil Elverum, também conhecido por The Microphones, alter-ego sob o qual actuou na sexta-feira no bar O Meu Mercedes. Um universo “lo-fi” misturado com “black metal”, que no Porto é acompanhado pelo Shrosh Ensemble, composto por músicos da cidade.
Ainda na sala 2, haverá tempo para bater o pé com a pop descomprometida dos No Kids, a apresentar o projecto Gigi, e escutar o virtuosismo instrumental dos Torto, projecto de Jorge Coelho, Miguel Ramos e Jorge Queijo. A noite fica completa com a surpreendente Mary Orcher, o teatral Alexander e o projecto visual e electrónico de De La Montaña, no espaço Cibermúsica, onde Álvaro Costa vai falar sobre o realizador Michel Gondry. Não esquecer ainda, no Restaurante, as actuações de Punks Jumps Up, Popoperations com Lonely Boys e os "djsets" de Luís Machado e Manos Milhazes.