Duarte Lima permanece em prisão preventiva

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Duarte Lima, nesta quinta-feira, a caminho da PJ Daniel Rocha

O seu filho, arguido no mesmo processo em que é lesado o Banco Português de Negócios (BPN), foi solto mas só depois de pagar uma caução de 500 mil euros. Ficou também proibido de contactar o terceiro arguido no processo (Vitor Raposo, actualmente na Guiné) e terá de se apresentar uma vez por semana na esquadra policial da sua área de residência.

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O seu filho, arguido no mesmo processo em que é lesado o Banco Português de Negócios (BPN), foi solto mas só depois de pagar uma caução de 500 mil euros. Ficou também proibido de contactar o terceiro arguido no processo (Vitor Raposo, actualmente na Guiné) e terá de se apresentar uma vez por semana na esquadra policial da sua área de residência.

Após mais de dez horas de interrogatório, o juiz Carlos Alexandre entendeu que o ex-deputado do PSD e o seu filho são potenciais culpados dos crimes que lhes são imputados. O perigo de fuga e destruição de provas assim como as evidências documentais que terão sido encontradas durante as buscas efectuadas pela Judiciária durante a quinta-feira estiveram na origem da decisão.

O advogado de Duarte Lima, Raul Soares da Veiga, que não quis prestar depoimentos após terem sido conhecidas as medidas de coação, anunciara aos jornalistas, pela hora do almoço, terem surgido "factos de que não tinha conhecimento" durante o interrogatório de ontem no Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa.

Raul Soares da Veiga falava do surgimento de documentos e escutas telefónicas que, aparentemente, podem vir a comprometer o seu cliente. Ainda assim, voltou, à semelhança do que já havia feito na quinta-feira, quando Duarte Lima foi detido, a manifestar confiança num desfecho final favorável.

“Há alguns factos novos que eu não tinha conhecimento, mas os crimes imputados são os mesmos”, afirmou o advogado, salientando que os novos factos não são susceptíveis da privação da liberdade.

O advogado manifestou ainda alguma estranheza quanto ao momento das detenções, referindo que o processo já se encontra pendente há dois anos. “Toda a gente sabia que estava a ser feita uma investigação e o facto de isto acontecer agora é uma coincidência extraordinária”, adiantou à Lusa o mesmo advogado, salientando ainda que nunca passou pela cabeça de Duarte Lima vir a abandonar o país. “Se há pessoa que não quer sair de Portugal é o dr. Duarte Lima, pelas razões que se conhecem, de haver um mandado de detenção proveniente do Brasil”.

Até ao princípio da tarde, apenas tinha sido ouvido pelo juiz Carlos Alexandre o filho de Duarte Lima, numa sessão que se previa prolongar-se por todo o dia. De acordo com o advogado de defesa do caso, os novos factos prendiam-se com "pormenorizações", não tendo surgido novos crimes no processo. Mantinha-se, portanto, a acusação dos crimes de burla, branqueamento de capitais e fraude fiscal, que levaram à detenção de dois suspeitos. O terceiro, Vitor Igreja Raposo, amigo e sócio de Duarte e Pedro Lima, está fora do país, supostamente na Guiné.

Quem também marcou presença no Campus de Justiça foi Germano Marques da Silva, advogado de Duarte Lima no caso Feteira. Apareceu para manifestar apoio ao detido. Aos jornalistas disse não fazer "juízos de intenção" quanto à ligação entre a detenção de ontem e o processo no Brasil, e acusou a polícia brasileira de "desonestidade total" na condução do caso.

Ao haver possibilidade de escolha entre ser julgado no Brasil ou em Portugal, avançou Marques da Silva, Duarte Lima optará "evidentemente por ser julgado em Portugal".

Notícia actualizada às 22h45