Os “incontactados” e aspirantes a estagiários internacionais
São candidatos aos estágios INOV Contacto, não têm recebido muito “feedback” da organização e querem definir a sua vida
Aviso: as pessoas retratadas nesta peça são jovens e ambiciosas. Na realidade, jovens tinham de ser, já que o programa de estágios internacionais do INOV Contacto só permite candidaturas a pessoas com idade até 30 anos. Quanto à ambição, já se sabe que se trata de uma característica subjectiva. Mas quem afirma, como Marta Costa (uma das concorrentes), que pretende “sair, crescer lá fora, voltar e acrescentar algo mais ao país”, está a revelar isso mesmo - ambição.
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Aviso: as pessoas retratadas nesta peça são jovens e ambiciosas. Na realidade, jovens tinham de ser, já que o programa de estágios internacionais do INOV Contacto só permite candidaturas a pessoas com idade até 30 anos. Quanto à ambição, já se sabe que se trata de uma característica subjectiva. Mas quem afirma, como Marta Costa (uma das concorrentes), que pretende “sair, crescer lá fora, voltar e acrescentar algo mais ao país”, está a revelar isso mesmo - ambição.
Estes aspirantes a estagiários não são apenas jovens e ambiciosos. São (ou pelo menos sentem-se), também, desinformados. Nenhum deles tem recebido qualquer tipo de explicação concreta quanto aos atrasos do programa de estágios gerido pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
Hugo Palas, de 27 anos, formado em Gestão Hoteleira, começou a “achar muito estranho” a falta de actualizações por parte do INOV, visto que é a segunda vez que se candidata e, “no ano passado, por esta altura, [os seleccionados] já tinham sido contactados”.
Uma "luz ao fundo do túnel"
A verdade é que o novo cronograma divulgado, há poucos dias, pela organização – que ajusta o calendário a datas mais exequíveis – acaba por ser uma “luz ao fundo do túnel”, como considera Marta Costa, 24 anos, licenciada em Design da Comunicação. “Com o cronograma actualizado, acho que o programa vai para a frente. Vamos ver como é que isto vai estar daqui a um mês”, diz Hugo.
Pois é, mas ainda há quem não esteja tão optimista como Marta e Hugo. “É um cronograma mais longo, interessante, mas duvido que seja cumprido”, refere André Cunha, de 28 anos, licenciado em Economia e com uma pós-graduação em Finanças. É a primeira vez que se candidata ao INOV Contacto, porque quer trazer mais benefícios para a sua carreira. “Quando tens 22, 23 anos, não retiras a mesma experiência e aproveitamento de um estágio internacional como agora (28 anos)”.
André já passou pela agência de notícias Thomson Reuters e entrou, recentemente, nos quadros de uma outra empresa. Ele sabe que, se entrar no estágio INOV Contacto, terá de deixar o cargo. Talvez por causa desta ambição em estagiar no estrangeiro, André tenha estado na origem do grupo “À espera de CONTACTO”, no Facebook, “para mostrar à AICEP que tem um papel a cumprir”.
Mas, atenção, o objectivo não é atribuir culpas à agência. “Todos cometemos erros. O mais importante é compreendermos o lado da AICEP, com a mudança de Governo”, diz. Marta Costa é da mesma opinião: “Não culpo as pessoas da AICEP. Muda o Governo, o dinheiro vem do Estado…”. Têm um objectivo construtivo: melhorar a comunicação entre a agência e os candidatos.
Hugo Palas sabe que, se for seleccionado para o estágio, terá de interromper o mestrado em que está inserido. Muitos outros candidatos ao INOV Contacto estão nesta situação de indefinição quanto ao futuro. “Será que o programa, apesar de atrasado, ainda vai avançar? Devo aceitar esta oferta de emprego, antes de saber se fui seleccionado?”, indaga-se. Estas são, certamente, algumas das questões de candidatos ao INOV. Neste momento, “devem aceitar tudo o que lhes aparece à frente”, diz Hugo.