Histórias de Shanghai
E se achar que o novo filme Jia Zhang-ke é um documentário sobre o passado de Xangai, isso é... bom, isso não é inteiramente verdade. “Quem Me Dera Saber” continua o olhar esquinado do cineasta chinês sobre a história do seu país, encenando aqui uma Xangai que já não existe a não ser nas memórias (predominantemente dolorosas) de dúzia e meia de figuras da cidade, recordando para a câmara de Yu Likwai um século de vivências e fantasmas. Um pouco como o “Adeus, Dragon Inn” de Tsai Ming-liang era um adeus a um passado glorioso do cinema oriental, também “Quem Me Dera Saber” é um adeus a uma certa Xangai que já não existe - e é sintomático que, da Xangai de hoje, quase nada se veja e o pouco que se vê é contrastado com o antigo que já não existe. Filme sobre as “pequenas histórias” da “grande História”, perfeitamente inscrito na obra recente de Jia, é um dos mais sedutores e comoventes documentários que vimos em muito tempo, mesmo que a sensação de uma espécie de filme “em aberto”, que não se termina realmente, nunca nos abandone.
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E se achar que o novo filme Jia Zhang-ke é um documentário sobre o passado de Xangai, isso é... bom, isso não é inteiramente verdade. “Quem Me Dera Saber” continua o olhar esquinado do cineasta chinês sobre a história do seu país, encenando aqui uma Xangai que já não existe a não ser nas memórias (predominantemente dolorosas) de dúzia e meia de figuras da cidade, recordando para a câmara de Yu Likwai um século de vivências e fantasmas. Um pouco como o “Adeus, Dragon Inn” de Tsai Ming-liang era um adeus a um passado glorioso do cinema oriental, também “Quem Me Dera Saber” é um adeus a uma certa Xangai que já não existe - e é sintomático que, da Xangai de hoje, quase nada se veja e o pouco que se vê é contrastado com o antigo que já não existe. Filme sobre as “pequenas histórias” da “grande História”, perfeitamente inscrito na obra recente de Jia, é um dos mais sedutores e comoventes documentários que vimos em muito tempo, mesmo que a sensação de uma espécie de filme “em aberto”, que não se termina realmente, nunca nos abandone.