Sindicato dos guardas prisionais diz que declarações da ministra “não são verdadeiras"
A ministra da Justiça justificou hoje no Parlamento a não contratação de novos guardas prisionais com o congelamento das admissões no Estado e desdramatizou esta questão dizendo que os 4.408 guardas existentes estão dentro da média europeia.
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A ministra da Justiça justificou hoje no Parlamento a não contratação de novos guardas prisionais com o congelamento das admissões no Estado e desdramatizou esta questão dizendo que os 4.408 guardas existentes estão dentro da média europeia.
Paula Teixeira da Cruz revelou ainda que o Ministério da Justiça (MJ) gasta 12 milhões de euros com horas extraordinárias dos guardas prisionais e que há "guardas que, enquanto descansam, estão a receber" horas extraordinárias.
“Lamentamos que a senhora ministra venha uma vez mais repetir aquilo que transmitiu no parlamento em Setembro, apesar do sindicato ter enviado dados que contrariam essas declarações”, disse à agência Lusa o presidente do SNCGP, Jorge Alves, adiantando que não existem 4.408 guardas prisionais.
Segundo o sindicato, neste momento são aproximadamente 4.200 os guardas prisionais, mas muitos deles estão destacados em outros sectores da administração pública, sendo menos de quatro mil os profissionais a desempenhar serviço nos 49 estabelecimentos prisionais.
Jorge Alves, que desafiou Paula Teixeira da Cruz a publicar na página da Internet do MJ o número “real” de guardas prisionais em serviço, sublinhou que as declarações da ministra no parlamento “não são verdadeiras”.
O presidente do SNCGP contestou igualmente que a ministra tenha afirmado “mais uma vez” que os guardas estão “a dormir em serviço”.
“Eles não estão a dormir porque o volume de tarefas que o corpo da guarda prisional tem para desempenhar não permita que durmam quando estão em serviço”, afirmou, acrescentando que Paula Teixeira da Cruz “quer utilizar um estratagema para encobrir a realidade do sistema prisional, que está muito doente e precisa urgentemente de uma intervenção”.
Para o sindicalista, a ministra “não quer agir em conformidade com as necessidades e está a atacar o corpo de guardas prisionais que é quem garante os serviços” nas prisões.
Jorge Alves disse também que há cerca de 16 milhões de euros em horas extraordinárias que o MJ não paga aos guardas.
O SNCGP pondera ainda realizar acções de protesto caso o MJ não se pronuncie até à próxima semana sobre a revisão do estatuto.
O sindicato organizou entre o fim de Outubro e início de Novembro dois períodos de greve de vários dias e já anunciou que vai aderir à greve geral de 24 de Novembro.