Cavaco garante nos EUA que Portugal vai vencer a crise
O Presidente da República, que está “empenhado” em “difundir uma imagem positiva” de Portugal na sua visita oficial aos Estados Unidos – a única que fez e fará em 2011 – encontrou-se ontem em Washington com cerca de 30 funcionários portugueses do Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Reserva Federal norte-americana para lhes pedir que ajudem a construir “uma imagem correcta do nosso país” junto dos “norte-americanos e não só”, “principalmente nesta fase de crise do euro e de abrandamento da economia mundial”.
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O Presidente da República, que está “empenhado” em “difundir uma imagem positiva” de Portugal na sua visita oficial aos Estados Unidos – a única que fez e fará em 2011 – encontrou-se ontem em Washington com cerca de 30 funcionários portugueses do Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Reserva Federal norte-americana para lhes pedir que ajudem a construir “uma imagem correcta do nosso país” junto dos “norte-americanos e não só”, “principalmente nesta fase de crise do euro e de abrandamento da economia mundial”.
Falando durante 15 minutos na residência do embaixador português em Washington, Cavaco Silva lembrou que Portugal “está a desenvolver um esforço enorme para reforçar a sua credibilidade a nível internacional” e evocou o seu encontro com o Presidente Obama dois dias antes, que resultou numa declaração pública de “apoio total” por parte da Casa Branca à execução do programa de reformas assinado com o FMI e União Europeia. Cavaco garantiu que Portugal vai vencer a crise. “Quero dizer aqui que isto vai mesmo acontecer. Não é retórica.”
Nos últimos meses, ser português numa instituição internacional tem significado estar na defensiva. Para Paulo Medas, economista do FMI, o encontro com o presidente foi uma oportunidade para “saber o que Portugal está a fazer”.
Orgulho presidencialOntem, Cavaco Silva notou que o contacto com as comunidades portuguesas nos Estados Unidos é uma das “vertentes” da sua visita, mas sublinhou a especificidade do grupo que tinha à sua frente: “portugueses altamente qualificados” que “trabalham em instituições de prestígio e reputação internacional”. “Para mim, enquanto Presidente da República é um motivo de orgulho saber que portugueses são seleccionados de acordo com os critérios mais exigentes que eu conheço dessas instituições para ocuparem lugares de destaque”, afirmou. E notou que estava a falar para “jovens”. “Antigamente, nós levávamos mais tempo a obter as qualificações elevadas para concorrer às instituições internacionais e a mais perto que tínhamos era a OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico]”, disse. “Agora não, encontra-se portugueses em toda a parte.”
Antes do encontro com este grupo de portugueses, Cavaco decidira, à última hora, visitar o memorial em honra de Franklin Roosevelt, o presidente que resgatou os Estados Unidos da Grande Depressão. “Vim aqui porque o Roosevelt tomou decisões económicas da maior importância para tirar os Estados Unidos e o mundo da recessão”, declarou Cavaco aos jornalistas. “É muito referido o New Deal [quando se fala de Roosevelt], mas o mais importante, quanto a mim, dele foi a desvalorização do dólar. É isso que vai resolver a crise, muito forte, do sistema bancário então e dar um grande impulso à economia norte-americana.” Nos Estados Unidos, Cavaco, o economista, tem emitido opiniões e recomendações sobre a actual crise na zona euro, por isso os jornalistas quiseram saber: estaria a tentar fazer de Roosevelt uma lição para os tempos actuais? “Não há comparação” entre a crise de 1929 e os tempos de hoje, esclareceu. E depois conheceu Rui Fernandes, guarda florestal, destacado nesse dia – coincidência – para o memorial de Roosevelt.
Nascido há 35 anos em Lisboa, radicado há 28 nos Estados Unidos, Rui Fernandes referiu-se a Cavaco Silva como “o nosso presidente” quando falava aos jornalistas. “Tenho dupla cidadania. Portanto, ele é o presidente da minha metade portuguesa”, explicou ao PÚBLICO, falando em inglês. “Quando se é de um país como Portugal, com uma grande história, pode-se estar afastado há várias gerações, mas essa identidade continua a fazer parte de nós. Portanto, é claro que só poderia tratá-lo como meu presidente.”