News of The World: vigilância de celebridades em “escala industrial” incluía Mourinho

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News of The World fechou as portas em Julho, após várias acusações de escutas ilegais Foto: Ian Nicholson/Reuters

O detective pôs nas mãos dos jornalistas da BBC um dossier que, segundo a estação de televisão, prova que o extinto semanário da News International tinha montada uma estratégia de vigilância em “escala industrial”. O príncipe William, uma ex-namorada do príncipe Harry e Peter Goldsmith, antigo procurador-geral britânico, são algumas dos nomes que figuram nos documentos, onde se encontra um português: José Mourinho.

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O detective pôs nas mãos dos jornalistas da BBC um dossier que, segundo a estação de televisão, prova que o extinto semanário da News International tinha montada uma estratégia de vigilância em “escala industrial”. O príncipe William, uma ex-namorada do príncipe Harry e Peter Goldsmith, antigo procurador-geral britânico, são algumas dos nomes que figuram nos documentos, onde se encontra um português: José Mourinho.

Os alvos eram celebridades em geral, da família Real aos políticos e às estrelas do futebol, da televisão e do cinema. Os pais de Daniel “Harry Potter” Radcliffe, por exemplo, fazem parte da lista. Derek Webb reitera assim que o News of The World (NoW) não estava apenas interessado nas figuras públicas, mas também nas suas relações e pessoas mais próximas.

“Durante esse tempo, trabalhei extensivamente para eles em muitos serviços. Nunca sabia quando iria ser preciso. Ligavam-me de dia ou de noite. Poderia [o serviço] ser em qualquer parte do país”, declarou à BBC Derek Webb, treinado em vigilância pelo MI5. O detective confirmou ainda que estas práticas não eram apenas do conhecimento de um grupo restrito no NoW: “Recebi telefonemas de numerosos jornalistas da redacção”.

Derek Webb assegura que nunca questionou quem o contactava sobre as razões que levavam o jornal a querer seguir determinada pessoa. E está convicto de que não fez nada que o envergonhasse. “O News of The World contratou-me para um trabalho, que eu fiz o melhor que podia. Nunca violei vidas privadas, propriedades privadas... Nunca fiz nada que fosse ilegal”, afirmou.

O seu trabalho consistia em anotar o que os alvos vestiam, que carro utilizavam, com quem se encontravam e as horas a que tudo isso acontecia – “as horas eram muito importantes”. “Não me sinto envergonhado”, diz, para logo reconhecer ter contribuído para histórias que acabaram por arruinar a vida de algumas figuras públicas. “Se não fosse eu a fazê-lo, seria outro qualquer”, justifica-se.

O News International, que detinha o semanário, não comenta. Derek Webb, no entanto, considera que o grupo de media de Rupert Murdoch está em dívida para com ele. O detective reivindica uma compensação financeira pela “lealdade” ao jornal, tal como fez com outros freelancers. Os responsáveis pelo NoW recusaram e Webb decidiu pegar na sua história – e nos nomes que guardou – e ir bater à porta da televisão pública.