Além de designer e homem das bikes, sou o Presto

É o Presto, dos Mind da Gap, designer e homem das bikes. A semana é dividida em três e domingo é dia de folga.

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Paulo Pimenta

Com 17 anos, quando andava no liceu, não tinha planos para o futuro e vivia um dia de cada vez. A área de estudo já estava escolhida – “na altura, era o curso tecnológico de design” –, mas ainda não pensava em profissões. “Só queria curtir.” Corria o ano de 1993 e Hugo Piteira encontrou uma forma de o fazer: integrou os Mind da Gap.

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Com 17 anos, quando andava no liceu, não tinha planos para o futuro e vivia um dia de cada vez. A área de estudo já estava escolhida – “na altura, era o curso tecnológico de design” –, mas ainda não pensava em profissões. “Só queria curtir.” Corria o ano de 1993 e Hugo Piteira encontrou uma forma de o fazer: integrou os Mind da Gap.

“Era uma coisa divertida de que eu gostava (…), não pensava naquilo a sério. Na altura, o objectivo dos Mind da Gap era fazer uma coisa de cada vez e eu tentei manter sempre os estudos”. Fez bem. Hoje tem 35 anos, é licenciado em design e é o Presto, dos Mind da Gap.

O que aconteceu foi simples: aquilo que era uma brincadeira começou a tornar-se sério e, por volta de 1999, a banda começou a render dinheiro. Os concertos eram (e continuam a ser) a maior fonte desse rendimento. O design permaneceu, porque “se os Mind da Gap não continuassem (…) tinha de haver uma segurança”.

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Desde o iníco com Serial e Ace, Presto (de boné vermelho) integra os Mind da Gap e tem ainda outros dois empregos DR

A certa altura, Presto teve de assumir o seu alter-ego e passar a fazer trabalho de super-herói. Isto porque, desde 2001 e durante dois anos, trabalhava, à semana, como Hugo Piteira num gabinete de design – “fazia muitas horas-extra” – e, a meio da mesma, actuava como Presto em concertos dos Mind da Gap. “Tinha que pedir a tarde para fazer ‘soundcheck’, à noite tinha o concerto, de manhã tinha de acordar cedo para trabalhar… Começou a tornar-se difícil”.

Andar de bicicleta no Inverno

Tão difícil que Hugo teve de se demitir. Desde então, é designer "freelancer", posição que não garante a maior estabilidade. Mas isso, nem os Mind da Gap conseguem fazer. “Posso dizer que a minha base de rendimentos é composta, principalmente, pela música, só que a música só dá no Verão, por causa dos concertos. (…) Temos de juntar dinheiro no Verão, para aguentar o Inverno”.

Trabalhar numa loja de bicicletas permite a Presto não se sentir tão isolado

Entretanto, em 2008, os três quilómetros que separam a sua casa do estúdio em que ensaia foram um pretexto para começar a usar a bicicleta como meio de transporte. Chegado o Inverno de 2010, quando os trabalhos de design escasseavam, Hugo lembrou-se da “bicla”.

Com tantos empregos, Hugo Piteira admite que, por vezes, possa estar num enquanto pensa noutro

Como precisava de “mais algum dinheiro a entrar” e de fazer algo mais “manual e não tão cerebral, como o design e a música”, concorreu a um “part-time” numa loja de bicicletas, onde trabalha desde o início do ano.

Presto revela que é muito difícil saber quanto vai ganhar ao longo de um ano de trabalho

Agora, divide a semana em três e domingo é dia santo: “Segunda, dedico-me ao design; terça, à música; quarta, é para o que for preciso… pode ser o design, também; quinta, música; sexta e sábado, bicicletas; domingo, folga”. Tudo isto para ter uma vida tranquila, agora que tem um filho. Chega mesmo a gerir o seu tempo para garantir que, todos os dias, das 19h às 23h (“até o André ir dormir”), está com ele, e que dorme, pelo menos, sete horas.

A outra gestão é a do dinheiro: “O ano passado, o meu IRS dava pouco mais do ordenado mínimo. (…) Este ano, como tenho as bicicletas, vou ganhar mais”, diz Hugo Piteira, ou Presto, que agora “pedala” contra a crise.