DJ querem profissão vista como de risco para a saúde
Associação Portuguesa de DJ lançou uma petição cujo objectivo é garantir à actividade o estatuto de profissão de risco para a saúde e desgaste rápido
APDJ significa Associação Portuguesa de DJ. Sim, existe uma. Da mesma forma que o “Disc Jockey” também já é reconhecido como um profissional das artes do espectáculo. Isto é, desde 2010 que o Instituto Nacional de Estatística inclui o “djing” na Classificação Portuguesa de Profissões.
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APDJ significa Associação Portuguesa de DJ. Sim, existe uma. Da mesma forma que o “Disc Jockey” também já é reconhecido como um profissional das artes do espectáculo. Isto é, desde 2010 que o Instituto Nacional de Estatística inclui o “djing” na Classificação Portuguesa de Profissões.
O que a APDJ pretende agora, contudo, é outro tipo de reconhecimento: o estatuto de profissão de risco para a saúde e de desgaste rápido. No fundo, a pretensão é a de que os DJ tenham os mesmos direitos e deveres atribuídos aos bailarinos num Projecto de Lei elaborado pelo Bloco de Esquerda, o que compreenderia um regime especial de segurança social e de reinserção profissional.
Para isso, a APDJ lançou uma petição e fez um estudo para mostrar que os “Disc Jockeys” têm de ter protecções perante os danos físicos e psicológicos que sofrem durante o desenrolar da sua profissão. Segundo o texto que contextualiza a petição, perda de audição e stress são algumas das mazelas que os DJ ganham ao longo dos anos de actividade.
O viajado DJ Vibe
Há cerca de três semanas online no site da APDJ, a petição e o estudo - elaborados através “da boa vontade de oito elementos da direcção” - pretendem que este tipo de artistas seja mais valorizado. Quem o diz é Nélson Vaz, presidente da APDJ. “Num país evoluído os artistas têm mais-valias. Por isso é que no Porto existe a Casa da Música e em Lisboa a Casa do Artista. Não se ouve falar na ‘Casa do Pedreiro’, ou em coisa que se pareça”, ironiza.
O presidente da associação refere ainda que a petição foi pensada para chegar à Assembleia da República em seis meses e, para isso, são precisas 5001 assinaturas. Quem está mais longe de subscrevê-la, mas só pelo facto de ainda não estar informado, é DJ Vibe.
Com 44 anos de idade e trinta de carreira, é um dos principais disc-jockeys portugueses e compreende que “é capaz de haver alguns riscos ao fim de alguns anos”. Porém, nota que, “no geral, os DJ não estão a noite toda a tocar [e] a exposição ao som são eles que controlam”. Na verdade, o maior desgaste que Vibe tem sentido com a profissão é causado pelas viagens.
“Quando estou a trabalhar não sinto muito [desgaste]. Com a adrenalina nada me afecta. Mas é natural que ao fim de oito horas a pôr música exista cansaço”. Com “sets” de oito / nove horas e com actuações nunca inferiores a três, Vibe tem sempre uma rotina diária “para poder ouvir, remisturar (…) e no final da semana ter um trabalho diferente para apresentar”. “Não sei até com que idade [vou actuar]. Enquanto me sentir com capacidade para o fazer, pelo menos a este ritmo, irei estar”, afirma.