Artigo no “Avante!” reabilita obra falsa e anti-semita
, titulado “A máquina da morte e da utopia”, assinado por Jorge Messias, resume-se a uma teoria conspirativa: um “Governo oculto”, em cujo programa figuram “os sionistas, o Vaticano e a Maçonaria”, coordena a crise financeira internacional.
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, titulado “A máquina da morte e da utopia”, assinado por Jorge Messias, resume-se a uma teoria conspirativa: um “Governo oculto”, em cujo programa figuram “os sionistas, o Vaticano e a Maçonaria”, coordena a crise financeira internacional.
“A história dos Protocolos poderia, em princípio, parecer um conto de fadas”, escreve Messias, “mas os quadros dos anúncios que aí se promovem são bem reais”. E acrescenta: “Tudo poderia ser pura imaginação não fosse o caso do enunciado teórico dos Protocolos ser acompanhado por uma listagem de objectivos a curto e médio prazos: um governo mundial oculto que promova uma nova ordem mundial; um único sistema económico, financeiro e monetário, de obediência universal; o fim das crises económicas através da ocupação por um só exército, de todas as fontes mundiais de matérias-primas e energia, mesmo que para isto seja de prever o desencadear de uma III Guerra Mundial; e o estabelecimento de uma religião única cuja chefia seja desempenhada pela Igreja Católica”.
Para o publicista do “Avante!”, os “antecedentes desta Nova Era estão lançados” e “dá-se como certo que na base deste tenebroso programa final figuram os sionistas, o Vaticano e a Maçonaria”.
A utilização de um texto que chegou a ser citado por Hitler no seu “Mein Kampf” suscitou a indignação do escritor Richard Zimler, que, na sua página no Facebook, lamentou a divulgação de “mentiras de uma falsificação anti-semita e repugnante”.
Ao PÚBLICO, o escritor afirmou: “Na melhor das hipóteses este artigo é perigoso, muito mal escrito e vago; na pior das hipóteses, o autor está a levar a sério um documento forjado, anti-semita e repugnante”.
Os “Protocolos” surgiram na última década do século XIX e foram forjados pela Okhrana, a polícia secreta do czar Nicolau II, veiculando uma conspiração judaica para dominar o mundo. Zimler frisa que, neste âmbito, o PCP deveria “retirar o artigo e pedir desculpa aos leitores”, uma vez que os Protocolos “chegaram a ser utilizados para justificar o genocídio” dos judeus durante a II Guerra Mundial.
No final do artigo, Jorge Messias aponta ainda que os Protocolos “não são proféticos”, contendo “fichas” que são actualizadas. “Os seus mentores e condutores do processo são os illuminati que repartem ligações entre a Santa Sé, a Maçonaria, o Pentágono e a Wall Street”. E promete regressar ao tema.