Filha de Thomé Feteira descreve homicídio como "história de terror à volta do dinheiro"
Em declarações à Agência Lusa, Olímpia Feteira de Menezes disse não vislumbrar outro móbil do crime que não o "vil metal", não se mostrando surpreendida com a decisão do Ministério Público (MP) brasileiro em acusar o advogado e antigo líder parlamentar do PSD do homicídio a tiro de Rosalina Ribeiro, companheira de longa data do milionário.
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Em declarações à Agência Lusa, Olímpia Feteira de Menezes disse não vislumbrar outro móbil do crime que não o "vil metal", não se mostrando surpreendida com a decisão do Ministério Público (MP) brasileiro em acusar o advogado e antigo líder parlamentar do PSD do homicídio a tiro de Rosalina Ribeiro, companheira de longa data do milionário.
"Como calcula, estive sempre dentro do assunto, eu sabia o decurso das coisas, até porque ele tentou incriminar-me", contou Olímpia Menezes, lembrando que ela teve o "azar ou a pontaria de ter ido ao Brasil uma semana antes de ocorrer a morte dela (Rosalina Ribeiro)".
Em virtude desta sua deslocação ao Brasil, Olímpia alega que Duarte Lima a "tentou incriminar de todas as formas e feitios", bem como a outras pessoas, mas sobretudo a ela.
"Só que peguei no telefone e falei com o Comissário (da polícia): Se precisam de mim, eu vou aí explicar o que fiz e o que não fiz", relatou à Lusa.
A única filha de Thomé Feteira assegura que há um "documento escrito" por Duarte Lima a "tentar incriminá-la" e a dizer que investigassem a ida dela ao Banco.
"Obviamente, tive que ir ao Banco ver as contas", justificou, acrescentando: "Graças a Deus ando com a consciência tranquila".
Confrontada com a conclusão do MP brasileiro de que a morte de Rosalina Ribeiro relaciona-se com a recusa desta em assinar um documento a negar um depósito de 5,2 milhões de euros na conta bancária de Duarte Lima, Olímpia Menezes defendeu que "qualquer pessoa que leia" os elementos que vieram a lume "não fica com dúvida alguma".
Admitiu que "ninguém é culpado sem ser provada a culpa", mas contrapôs: "Pelo que existe, a conclusão não é difícil de tirar".
Olímpia Menezes disse acreditar que as razões do crime vão além desse depósito de 5,2 milhões de euros, mas recusou-se a adiantar pormenores.
A filha de Thomé Feteira negou que a herança esteja ainda em disputa em vários processos nos tribunais. Nas suas palavras, o que houve foi um processo de "união estável" intentado no Brasil por Rosalina Ribeiro, o qual terminou com decisões desfavoráveis para a companheira do milionário em várias instâncias judiciais.
Olímpia Menezes alega que não há praticamente nada pendente, "a não ser o facto de Duarte Lima se ter apoderado de dinheiro da herança".
O documento disponibilizado pelo Ministério Público explica que a vítima tinha contas bancárias conjuntas com Lúcio Tomé Feteira, tendo assumido o controlo destas quando o milionário português morreu, em 2000.
“O património era avaliado em cerca de 100 milhões de reais [41,2 milhões de euros]. Com a morte de Tomé Feteira, Rosalina, que não era a única herdeira, transferiu valores da conta conjunta que mantinha com ele para contas bancárias apenas em seu nome.”
Depois, adianta o MP, Rosalina Ribeiro “transferiu os valores para contas bancárias de terceiros, entre os quais estava Duarte Lima”.