China decide apertar ainda mais o uso da internet

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O número de utilizadores de internet na China triplicou no primeiro semestre de 2011 Will Burgess/Reuters

Pequim anunciou esta semana a necessidade de “reforçar a gestão das redes socais e das ferramentas de mensagens instantâneas e de regular a disseminação contínua de informação”, num comunicado enviado ao jornal People’s Daily, na quarta-feira. Esta é a maior resposta da administração chinesa ao aumento exponencial do número de utilizadores de internet no país, que atingiu no final de Junho os 195 milhões, o triplo do registado no final de 2010, de acordo com o China Internet Network Information Centre.

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Pequim anunciou esta semana a necessidade de “reforçar a gestão das redes socais e das ferramentas de mensagens instantâneas e de regular a disseminação contínua de informação”, num comunicado enviado ao jornal People’s Daily, na quarta-feira. Esta é a maior resposta da administração chinesa ao aumento exponencial do número de utilizadores de internet no país, que atingiu no final de Junho os 195 milhões, o triplo do registado no final de 2010, de acordo com o China Internet Network Information Centre.

No mesmo comunicado, o partido afirma que vai “aplicar a lei para punir severamente a disseminação de informação prejudicial”, naquele que já é o país com o mais abrangente e sofisticado sistema de controlo da internet, em todo o mundo.

“Normalmente, [a este tipo de directivas] seguem-se acções mais concretas, mas é ainda difícil definir uma linha entre políticas governamentais como esta e uma determinada acção, até porque, na China, o controlo é constante”, afirma David Bandurski, comentador especializado em media chineses ligado à Universidade de Hong Kong, em declarações ao The Guardian.

Os empresários e investidores na área dos media online não ficaram alarmados. As restrições à divulgação e circulação de conteúdos na internet na China são um facto que as empresas do ramo já têm em conta. “A cesura será mais apertada, mas o impacto nas plataformas não será grande”, afirma Elinor Leung, da agência financeira CLSA, citada pela Reuters.

Segundo foi confirmado pelo State Internet Information Office à agência noticiosa chinesa Xinhua, três pessoas foram punidas na última terça-feira, entre as quais o editor de um site, pela divulgação de "boatos". Em Xangai, uma pessoa foi detida por publicar uma falsificação de um documento fiscal.

As reacções têm-se feito sentir por parte de alguns bloguers. “A cultura vai desaparecer se a opinião continuar a ser controlada”, escreveu um utilizador com o nome Luse Zhuren. Antes do novo “aperto”, os conteúdos já eram bloqueados e removidos das plataformas. Contudo, os mecanismos usados pelo Governo têm tido dificuldade em acompanhar a rapidez com que a informação chega e circula na internet, bem como, em detectar a utilização de eufemismos para referir assuntos sensíveis.

Além da internet, também as cadeias de televisão regionais receberam o apelo do Governo para banir conteúdos que considera "materialistas".