Reeleição histórica de Cristina Kirchner na Argentina
“Contem comigo para prosseguir este projecto”, asseverou aos milhares de apoiantes que festejavam ontem à noite na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, num discurso em que fez referências muito emocionais ao marido e ex-Presidente Nestor Kirchner, que morreu há um ano. “Tudo o que quero é continuar a ajudar a Argentina a crescer. Quero continuar a mudar a história”, sublinhou.
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“Contem comigo para prosseguir este projecto”, asseverou aos milhares de apoiantes que festejavam ontem à noite na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, num discurso em que fez referências muito emocionais ao marido e ex-Presidente Nestor Kirchner, que morreu há um ano. “Tudo o que quero é continuar a ajudar a Argentina a crescer. Quero continuar a mudar a história”, sublinhou.
Este resultado, dando a Kirchner mais quatro anos na chefia do Estado, expressa uma drástica mudança no estado de espírito do eleitorado, o qual a chegou a penalizar, durante o primeiro mandato, com uma taxa de aprovação de apenas 20 por cento: um escândalo de financiamento partidário, o prolongado confronto com os agricultores, o constante braço-de-ferro com a imprensa, a cavalgada da inflação criaram uma sucessão de casos que foi erodindo o Governo e a popularidade da chefe de Estado – levando muitos críticos a preverem que teria que abandonar o poder antes mesmo de chegar ao fim de mandato.
Mas, ao longo do último ano, esta tendência inverteu, com Kirchner, de 58 anos, a transformar a comoção pública com a morte do marido (devido a um ataque cardíaco) em aceitação popular, e a tirar pleno partido de estar no poder numa altura em que a economia da Argentina começou a reflectir os efeitos positivos da política monetária e fiscal definida antes pelo Governo de Eduardo Duhalde.
“Se algum de nós dissesse há dois anos que isto seria possível, dir-nos-iam que estávamos loucos”, regozijou-se a reeleita Presidente, frisando que “ainda há muito por fazer”.
Com 96 por cento dos votos contados, Kirchner (de centro-esquerda) registava 54 por cento dos votos – e entrou assim para a história como a política mais votada desde o regresso da democracia à Argentina, em 1983 –, deixando o mais próximo rival, o socialista Hermes Binner, a uns 36 pontos percentuais de distância.