O vinil não vai soar tão bem no final de 2011

Nos últimos anos, a venda de discos de vinil tem alcançado valores muito positivos, mas 2011 deve acabar em decréscimo

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O vinil nunca deixou de ser utilizado por alguns profissionais, como DJ’s, por exemplo Pedro Almeida

"2011 vai acabar por ser um ano negro em muitos sectores da nossa sociedade". Na realidade, não se trata de algo que já não soubéssemos, mas, vindo de quem vem, tem outro significado. A expressão é de Eduardo Simões, director-geral da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), e vem na sequência de uma conversa com o P3 sobre discos de vinil.

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"2011 vai acabar por ser um ano negro em muitos sectores da nossa sociedade". Na realidade, não se trata de algo que já não soubéssemos, mas, vindo de quem vem, tem outro significado. A expressão é de Eduardo Simões, director-geral da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), e vem na sequência de uma conversa com o P3 sobre discos de vinil.

Isto quer dizer que também a venda de vinis vai sofrer com a instabilidade económica deste ano. Habituado a ter, desde 2008, registos bastante satisfatórios, parece que o vinil não vai conseguir acabar 2011 com números tão elevados.

Aquilo que parecia ser o ressurgimento de uma moda vem agora embater na difícil conjuntura que o país enfrenta. Pelo menos é esse argumento que Eduardo Simões encontra para justificar as 2702 unidades de LP’s vendidas no primeiro semestre deste ano. Tendo em conta que no período homólogo de 2010 o número de vinis vendidos era de 8987, é expectável um decréscimo na contagem final.

O pior 1º semestre do mundo

A análise dos pontos fortes e fracos do LP perante os seus concorrentes

De facto, para que as 14127 unidades vendidas ao longo de 2010 possam vir ainda a ser alcançadas, seria necessário um segundo semestre extraordinário. Poder-se-ia até pensar que esse período fosse o mais significativo de vendas, devido à época natalícia, mas os números de anos anteriores não mostram isso. Simões admite mesmo que "vai ser muito difícil chegar aos números de 2010".

Eduardo Simões revela a sua previsão quanto ao futuro do vinil

Todavia, não se tratam de tempos em que o vinil está esquecido, como acontecia outrora, em que a AFP quase não registava qualquer venda do formato. "Não era um registo completamente a zero, porque o vinil nunca deixou de ser utilizado por alguns profissionais, como DJ, mas em cerca de dez anos teve um registo residual".

A verdade é que as vendas têm descido e não são só as dos vinis. Também os CD, um dos principais concorrentes, vêm apresentando valores cada vez menores. Se em 2004 eram vendidos, em Portugal, cerca de 7,5 milhões unidades, em 2010 o número era de pouco mais de cinco milhões. Um decréscimo contínuo ao longo dos anos.

E quando Eduardo Simões fala do cenário de toda a indústria discográfica portuguesa, as palavras são pesadas: "O primeiro semestre de 2011 registou a pior evolução de vendas do mundo. Quando digo mundo, refiro-me a todos os países que produzem estatísticas de venda de música gravada. Estamos a falar de toda a União Europeia, de dois ou três países em África, de quase toda a América latina e de todo o Sudeste asiático".

Notícia corrigida às 13h40